segunda-feira, 21 de maio de 2012

OUTRA RARIDADE NO ACERVO DA BIBLIOTECA DO ECLB


O ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos) passou a contar com uma nova raridade no acervo de sua Biblioteca: trata-se de um volume encadernado com várias edições originais do Diário Official do Imperio do Brasil do ano de 1872. Contando com a parte oficial e não oficial, os exemplares permitem que os leitores possam ter uma visão mais adequada daqueles tempos, com fatos curiosos e reveladores da época da escravidão, como o caso da detenção do escravo "Isaias", pelo fato de "estar na rua ades-horas (sic) sem bilhete" e do caso de um comerciante boliviano que teria se suicidado nas águas de um rio, com a aproximação do barco da polícia, que posteriormente recolheu o espólio.

O MAIS ANTIGO RELOJOEIRO DE BOM JESUS DO ITABAPOANA


Joaquim Cesário Martins da Costa, ou simplesmente Joaquim, é mineiro de Nova Era, município localizado próximo a Belo Horizonte. Nasceu na Fazenda São Manuel, no dia 17/07/1921. Seus pais, José Cesário Martins das Costa e Tereza de Jesus Martins da Costa, também nasceram em Nova Era. Seus bisavós são portugueses. Joaquim era muito curioso e quando possuía 16 anos resolveu tentar consertar um relógio do seu avô, Antônio Martins da Costa, na Fazenda onde nasceu. Detalhe importante é que, antes, o relojoeiro Avelino desmontara referido relógio e não conseguira montá-lo.


Alda Teixeira da Costa, a Aldinha, e Joaquim Cesário Martins da Costa


Joaquim aproveitou que seu avô adoecera, levou o relógio para o "quarto de arroz", e conseguiu montá-lo e fazê-lo funcionar. Sua paixão por relógios iniciou aí e permanece até hoje, tendo realizado um curso em São Paulo, através da loja Mazeti, especializada em relógios. Sua vinda a Bom Jesus do Itabapoana ocorreu assim: o relojoeiro Benedito Rosa, de Bom Jesus, mudara-se para Nova Era. Joaquim, que já tinha estabelecido a "Relojoaria Áurea", possuía o espírito aventureiro próprio de um jovem, e resolveu negociar com Benedito, que lhe oferecera o comércio de relógio que deixara em Bom Jesus.

Dessa maneira, Joaquim veio conhecer nossa cidade, se encantando por ela. Acabou retornando a Nova Era para acertar os detalhes do negócio feito com Benedito, retornando depois, definitivamente, pela Estrada de Ferro Leopoldina. Inicialmente, foi até Vitória (ES) para, em seguida, chegar a Santo Eduardo (RJ). Posteriormente, utilizou novamente o serviço ferroviário até chegar em Bom Jesus do Norte (ES). Aqui chegou em 22 de fevereiro de 1949 - data que se recorda como se fosse hoje - quando acontecia o segundo dia de Carnaval. Quando aqui chegou, havia um relojoeiro de pré nome Olegário.Estabeleceu-se na "Pensão do seu Niquinho", onde avaliou a possibilidade de se instalar definitivamente em Bom Jesus. 
Joaquim: parar de trabalhar é começar a morrer


 Joaquim se recorda que, certa vez, ao andar pelas ruas de Bom Jesus, vira uma moça que vendia bilhetes para ajudar na construção do busto do Padre Mello. Joaquim encantou-se imediatamente com a mesma: "comprei os cem bilhetes que ela levava consigo e lhe disse: 'faço isso para você não ficar exposta ao sol' ". A investida na bela jovem não parou por aí. Quando ela ia ao cabeleireiro, sempre que se preparava para fazer o pagamento, a funcionária dizia: "já pagaram para você".

O nome da jovem que conquistou o coração de Joaquim: Alda Teixeira da Costa, a Aldinha, com quem se casou cerca de um ano e oito meses depois e com quem convive amorosamente até os dias de hoje. A partir daí, definiu-se o seu projeto de estabelecer-se como relojoeiro. Assentou a Relojoaria Áurea na Praça Amália Teixeira, onde vendia também presentes e jóias, para depois fixar-se definitivamente no atual endereço, na Rua Buarque de Nazareth. Sua loja chegou a ter licença do Ministério da Guerra para vender armas e munições. Joaquim se recorda de um episódio em que "certa vez, chegou em minha loja um agente regional, com dois capangas, dizendo que iria levar as armas e munições de minha loja. Zezé Borges, o líder político da região, ficou sabendo do episódio e interveio, fazendo com que o agente fosse imediatamente embora de Bom Jesus, deixando em paz o meu comércio", salienta.


Um relógio com cerca de 100 anos foi deixado por cliente na relojoaria


Joaquim se recorda que levou cerca de seis meses para comprar uma residência que pertencia a Merhige Saad, em 1962. "Quero vender a casa para você, Joaquim", disse-lhe o libanês, ao que Joaquim replicou : "Não tenho dinheiro, afinal o preço é duzentos mil". Mas Merhige acabou facilitando a aquisição do imóvel, permitindo que Joaquim pudesse comprar sua própria casa. Joaquim e Aldinha possuem três filhos: Maurício, Ricardo e Marivone. Aposentou-se em 1982 e deu baixa na firma, mas continua até hoje no ofício de consertos de relógios. Colado num móvel da Relojoaria está um papel com a frase: "Trabalho é o sustento da velhice. Parar de trabalhar é começar a morrer". 

Se Joaquim é comedido nas palavras, o mesmo não se pode se dizer de Aldinha, que nasceu em Rosal no dia 22 de abril de 1925, filha de Emílio Teixeira de Oliveira e Jovelina Alves de Oliveira.

Com dez irmãos, foi alfabetizada por um professor português na fazenda onde morava. Conta Aldinha que seu pai possuía uma pensão em Bom Jesus do Norte (ES) e que "certa vez, chegara no estabelecimento um português de pré nome Manoel, que estava desempregado, com esposa e dois filhos. Meu pai convidou-o a dar aulas para os filhos na Fazenda de Cachoeira Grande e o português aceitou". Foi lá que o mestre lusitano ministrou aula para ela e para os cerca de vinte colonos. Até hoje Alda se recorda dos versos aprendidos em sua infância, e faz questão de declamar o poema "Gatinho": "Eu tenho um gatinho/Chamado Cetim/Alegre mansinho/Que gosta de mim/ Inventa brinquedos/E pula no chão/Eu fico com medo/Não tenho razão. Bem cedo na cama/Faz ele "miau"/Tanto me chama /Que até fico mau.

Alda diz que possuía nove anos quando seu pai faleceu: "as fazendas foram então vendidas e o tempo de fartura não mais continuou", conta ela, com tristeza.


Da esquerda para direita: Maura Teixeira de Oliveira, Jovelina Alves de Oliveira com Alda, de 2 anos, no colo, Sebastião Teixeira de Oliveira (atrás), José Teixeira, Ilda Teixeira, Emídio Teixeira de Oliveira e Ana Maria de Oliveira, em foto de 1927 tirada na Fazenda do Cachoeirão, em Rosal


No relógio da vida, Alda e Joaquim são os dois ponteiros a indicarem que sempre é tempo de cultivar a inocência da criança que existe em cada um de nós, ou seja, de ser simplesmente feliz.

domingo, 20 de maio de 2012

O BENFEITOR DO HOSPITAL DE BOM JESUS DO ITABAPOANA

                                           CLEBER COIMBRA: vida dedicada a servir

Após três cirurgias de colunas, três cirurgias por motivo de câncer, uma cirurgia no coração e nove cirurgias nos olhos ( "Cruz credo!", nas palavras do próprio CLEBER COIMBRA), o mesmo concedeu a seguinte entrevista ao O NORTE FLUMINENSE, por email.

Nasceu em Mimoso do Sul (ES), no dia 1o. de março de 1939. Seu pai, ALTIVO COIMBRA, era fabricante de peças de couro e, depois, tornou-se industrial. Sua mãe, ABIGAIL VALENTE COIMBRA, era do lar, mas depois que se tornou viúva, passou a ser "a mais famosa costureira da região". Ambos nasceram na Zona da Mata mineira e eram descendentes de portugueses. CLEBER era o mais velho de cinco irmãos.

Sua esposa, HILDA CACILDA DE ABREU COIMBRA, é natural de São José do Calçado (ES) e foi professora na região por 25 anos, sempre alfabetizando crianças, sua paixão. Possui três filhos: HUMBERTO CÍCERO, funcionário da Caixa Econômica Federal, que lhe deu três netos: HUGO, HELENA e HELOÍSA; ALANA, funcionária do Banco do Brasil, no setor de Contadoria Geral, que lhe deu 3 netos: BRUNO, JÚLIA e VINÍCIUS; e CLEBER JR, gerente de negócios da área de automóveis, atuando por todo o país. Além disso, criou três meninas, filhas de uma irmã da esposa, de pré-nome HELY, hoje viúva: EUSA, ElEIA e REGINA, todas residentes em São Paulo.

EUSA foi uma das primeiras mulheres que passaram em concurso do Banco do Brasil, considerada uma "gênia em finanças (balanço)". Aposentou-se e foi trabalhar por um período na GE americana. Possui duas filhas: PAULA, que lhe deu a primeira bisneta, LYS e CRISTINA, casada com um alemão, e residente em Berlim. CRISTINA é "famosa nos meios acadêmicos e financeiros. É poliglota, hoje trabalhando na Alianz, famosa seguradora mundial". ELEIA é solteira e aposentou-se como gerente do Banco do Brasil. Atualmente é "executiva de alto nível, escolhe admistradores de grande empresa e roda todo o país.

Deixemos, a partir de agora, que CLEBER nos relate sobre sua vida.

A INFÂNCIA E A JUVENTUDE

 "Fui moleque de rua terrível em Mimoso, pois com 12 a 14 anos, furtava frutas em todos os belos pomares que os ricos tinham naquela cidade. E ia vender nos trens da Leopoldina que lá passavam todos os dias. Aprendi com um alemão fugido da guerra ('Seu' Guilherme, Kraul, um gênio) a guardar frutas verdes e madura na hora certa(enterrá-las, embrulhadas, perto de carbureto e areia de praia). Na hora que o trem chegava só eu tinha fruta diferente. Vivia tão mordido por cães que tomei vacina por vários anos.

Os farmacêuticos que me costuravam (Dr. Cisne e Assad Nassur) faziam isto a frio e eu não tomava jeito. Fui radialista, tomava conta do serviço de divulgação (alto falantes, depois radio Mimoso do Sul, ZYL 9), transmitia futebol, fazia abertura de comícios, cantava bingos no clube local. Este fato que arrumou minha vida. Decorei os números das 120 cartelas e não deixava ninguém dar barrigada. Os velhinhos me adoravam.

Todos os sábados tinha o bingo. Com 16 para 17 anos, era horrível, orelha de abano, cabelos louros para branco, dentes ruins, as meninas tinham pavor de mim" . "Mas um funcionário do Banco do Brasil, de nome Franci E. Espinosa, sabendo que eu era arrimo de mãe viúva, com 4 irmãos menores e famoso pelas peripécias na cidade) roubar frutas, estar sempre enfaixado, engessado, machucado,etc), pois era o único homem da região com outro Moacir(bom amigo) que se formou no Normal, pois não tinha recursos para ir estudar no Rio, resolveu me ajudar.

Eu já alfabetizava atiradores do Tiro de Guerra desde os 16 anos. Mimoso tinha um José Loreto, um militar admirável que para me conseguir certificado de segundo, me deu essa função. Muito bem. Franci me pegou por 6 meses e me fez estudar dia e noite com ele, matemática(eu era péssimo), português (fraco) mas excelente em línguas, datilografia, contabilidade (estava me formando). Ele me levou a fazer concursos no Rio e S. Paulo, na época havia muitos. Sem ninguém saber."

 "Nesta época eu prestei serviços a rádios famosa da época, Continental do Rio, Cultura e Tupi de S Paulo, etc. e consegui passar em vários concurso (Banespa, BEG, Bco Moreira Salles, Linha M de Navegação), etc em boa posição em todos. Mas como não tinha idade, 18 anos, só podia fazê-los com o certificado de segunda. Em 1957, ele me fez fazer o de S. Paulo e de Mimoso (um parente, Alberto Cunha, pai do Carlos Alberto, que foi até governador do Espírito Santo e lá reside até hoje, uma figura humana maravilhosa com sua esposa Beth). Foi a maior surpresa, passei nos dois, num deles em segundo lugar. De noite para o dia, de moleque de rua, virei figura que até o prefeito local e a banda de musica homenageou quando cheguei na cidade. Tudo mudou daí para a frente.

 Um grande amigo que reside no Bom Jesus, talvez o maior atleta que conheci no interior, 'seu' Franco de Freitas Brochado, marido da abençoada da. Alice, me ensinou a fazer Imposto de Renda. Seu pai, 'seu' Zinho, foi um dos meus pais de reserva, sempre me dando bons conselhos, me vigiando. Ao fazer 18 anos comecei a trabalhar no Banco do Brasil e virar gente. Com dois anos, por conhecer tudo de roça (meu padrinho era o maior fazendeiro da região e me ensinava tudo), fui trabalhar na CREAI, antigo nome da Carteira Rural do BB."

 BOM JESUS DO ITABAPOANA




 Livro de Crônicas de AYSON JANONES em 1990: exaltação a CLEBER COIMBRA

"Como era ágil na máquina fazia tudo por tarefa, deixava os colegas trabalhando e conseguia sair para treinar futebol. Era um goleiro horrível, e fui reserva do talvez melhor goleiro da região, Totonho, que jogou aqui nas duas Bom Jesus. Depois de dois anos, fui enviado para Linhares (ES). Dois anos, posteriormente, retornei a Bom Jesus, onde fui muito bem treinado e ensinado por um grupo de bancários incríveis: Celso Loureiro, Setembrino, Dalton Almeida, Oscar Borges, Liesse Nassif, Rachid, João Catarina (alguns já partiram) e desde 64 comecei a ser secretário de inspetores em missões especiais. Com isto rodei o pais.

Em Bom Jesus fui fiscal e posso ser um dos responsáveis pelo inicio de débâcle das usinas (historia a contar à parte); De Bom Jesus, após varias missões onde peguei nome, fui ser adjunto de gerência em Guaçuí, de onde fui requisitado para a capital federal. Varias idéias que eu tinha colocado com os inspetores (maluquices que só a turma do BB sabe, não procurar diferenças, não conferir cheques, mudar sistema de inspeção, etc) me deram nome no Distrito Federal."

"Tive um acidente grave na estrada Calçado Bom Jesus, fiquei paralítico e condenado a não mais andar(perdi três vértebras inteiras que foram feitas com ossos do meu quadril e duas barras de titânio que descem do pescoço até embaixo). Fiquei ano e meio tratando na rede Sarah. Era para me aposentarem, mas foi uma briga continuar. O Presidente da época, Sr Colin, quis conhecer quem perdeu grandes benefícios não saindo do BB. Ficou surpreso ao saber que eu já ajudava a fazer o Imposto de Renda dele e outros chefões. Com a entrada do Camilo Calazans de Magalhães no lugar dele (talvez a maior figura humana que conheci dentro do BB e o melhor presidente que tivemos ate hoje) fui requisitado para ficar como secretário dele.

 Nesta época já era auditor nomeado, em área que fui parcela de ajuda na sua criação(Auditoria do BB) onde tive notáveis mestres ( Marcelo Castelo Branco, Clovis, Lauro Rodrigues, um gênio. José Wilson Gurgel (outro), João Ramos, Luiz Dalton, Jaime Turra, conterrâneo, a quem devo muito, Delane, e muitos outros), subi na carreira. Fui um dos malucos que ajudou a criar a Fundação Banco do Brasil e também a Anab (nossa Associação que é um portento, apesar de hoje ser uma vergonha)".


FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL E HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO

 "E acreditem os primeiros auxílios concedidos pela fundação, foram para nossa Bom Jesus do Itabapoana, num trabalho inesquecível do Moacir Valinho Xavier, Quintino Carlos, Álvaro Moreira – (a quem devo finezas incríveis), Nelson Motta – um segundo pai-, Carlos Garcia e vários outros. Na época, foi a única entidade que recebeu dois auxílios, porque um dos membros dela, José Honório, eu levei ai e ficou conhecendo o que era “puaia” e tornou-se amigo do hospital e da região.

 Foi a região que mais auxílios recebeu da Fundação, graças a essa pessoa e também a Moacyr Valinho, que montava todos os pleitos pelas varias madrugadas, ele trabalhou dois, três dias sem dormir, fazendo os processos. Jamais, na vida, conheci outra figura igual. Ele foi o menor de tudo que saiu, na época para a região. Dr Renam, um dos grandes amigos que tenho ai nessa região, foi outra figura notável nessas ajudas. Enfim. Bom Jesus é algo diferente de tudo.

Para terem uma idéia, Mimoso, minha terra, tive de ir lá seis vezes (sair do DF na época era sufoco). Eu havia destinado dez auxílios para a cidade, todos deferidos. Só consegui colocar um, mesmo assim, tendo de brigar com autoridades da cidade. Se não fosse um funcionário de nome Giovani Guarçoni, com a ajuda do meu primo Carlos e do Fernando Rezende, então prefeito, nem isto tinha conseguido. Minha terra é fogo, a política local de lá, não melhora nunca. Dá pena. Vou parar por aqui, pois gastaria horas, descrevendo todo o meu trajeto desde jovem, nas rádios, indo a muitas Copas do Mundo (pondo as camisas do BB, amarelas, desde 1982, na Espanha, nos estádios) e outras doideiras mais".

 O TESTEMUNHO DE ISMAEL BORGES ALVARENGA



ISMAEL BORGES ALVARENGA, ex-presidente do Hospital São Vicente de Paulo: reconhecimento a CLEBER COIMBRA

 ISMAEL BORGES ALVARENGA, Presidente do Hospital São Vicente de Paulo nos anos de 1982 e 1983, atesta a enorme contribuição de CLEBER COIMBRA para o nosocômio, fazendo com que o mesmo passasse a ser referência na região. ISMAEL se recorda de que com o apoio de CLEBER COIMBRA, a Fundação Banco do Brasil cedeu ao Hospital "um gerador de energia para todo o nosocômio, uma lavanderia industrial completa, um aparelho de Raio X e uma Processadora de Filmes, 6 camas Bauner para a UTI, um Arco Cirúrgico, um Bisturi Elétrico, Ar Condicionado para toda a parte da frente do Hospital, onde funcionavam os consultórios e o Banco de Sangue, uma Bicicleta Ergométrica, um Endoscópio e um Ultrassom".

ISMAEL, na oportunidade, lembrou do relevante trabalho do tesoureiro do Hospital, DARCY COUTINHO, que "conseguiu fazer com competência a cotação de preços para a aquisição de todos os aparelhos". ISMAEL fez questão de assinalar, outrossim, a grande contribuição de EMIR BUSSAD que, como proprietário de uma Usina Hidrelétrica em Bom Jesus do Norte "não cobrava a energia do Hospital, assim como não cobrava das Igrejas também". Outros personagens serão nomeados por ele em outra ocasião.

QUASE PRESO DURANTE A REVOLUÇÃO

Voltemos às palavras de CLEBER COIMBRA.

 "Participei de missões incríveis, quase fui preso na revolução (por causa de um sindicato criado em Itaperuna), fiquei quatro anos no poder, presenciei de tudo, ajudei a criar os setores de controle fiscal da Câmara Federal, fiz e faço milhares de declarações de Imposto de Renda, (muitas de gente famosa do pais)nunca cobrei um tostão de ninguém, conheci as maiores figuras de várias áreas governamentais, esportivas, da mídia, e continuo até hoje brigando com o leão. A reportagem da TV Globo News (inimigo do leão) acabou informando o meu email, resultando em centenas de consultas de todo o pais e exterior. Ninguém ficou sem resposta.

Sou amante da moeda brasileira, lecionei moeda, crédito e Imposto de. Renda, sou presidente de clube criado aqui no DF, hoje com renome mundial.Temos bom trânsito com o BACEN, Correios, Casa da Moeda e presto ajuda gratuita a todos que nos consultam e buscam informações desta área. Se ligarem para o Banco Central daqui do DF (MECIR-Museu) transferem para o meu telefone, em caso de consultas desta área. Meu apelido até hoje “maluco capixaba” ainda roda em todos os meios que busco dar ajuda. Fiz parte do CEFIR, centro de estudos do imposto de renda do pais, ainda participo de áreas afins, luto há anos para acabar com a forma de se declarar Imposto de Renda no Brasil, gastando milhões em papel, tinta, temo de computador, etc, tudo de forma desnecessária.

Vai melhorar, acredito, a partir de 2014 e as novidades vão surgir. Mas é muito difícil convencer nossas “otoridades” no pais. É uma luta inglória UFA(!), Falei demais, como disse, gastaríamos horas para descrever todas as maluquices das quais participei. Vou ver se levo um livro “Mandarins da Republica” que foi empastelado pelo exército na época da revolução, para ficarem sabendo das encrencas em que eu estive metido e quase fui para o espaço por causa dele. Me cobre isto".

VIDA PROFISSIONAL

 "Desde os doze anos fiz de tudo. Fui ladrão de quintal (a fruta do vizinho sempre era melhor), engraxate, locutor de carro de propaganda, de serviço de alto falantes, organizador de bailes – fui dos primeiros a criar duas eletrolas junto –Paulinho do disco copiou ai com sucesso, bom menino, grande goleiro. Empresário da orquestra Cassino de Sevilha, Cicero Ferreira – um sr. maestro músico de campos, locutor de rádios, correspondentes de jornais, bancário, prof.de curso normal, De contabilidade. Auditor. Tenho cursos Normal, contador, advogado, economista e auditor. Fui profissional nesta área 18 anos. Trabalhei no BB de 57 a 91, na Câmara Federal até 86. Com 40 anos encerrei minha vida profissional.

Sou vicentino, católico praticante, abençoado por Deus. Um pequeno episódio. Devo ser a única pessoa que teve no seu quarto ai no Hospital São Vicente, no mesmo instante, rezando quando eu estava paralitico e mal, Pe. Francisco, Pe. Gabriel e a viúva do Saudoso Gauthier P. Figueiredo. 3 facções religiosas de então, rezaram juntos para mim. De fato, sou um milagre vivo. Mesmo aposentado, dou consulta sobre Imposto de Renda, moeda e crédito (valores monetários) a todo o pais ( a mídia me explora muito), sempre graciosamente. Faço mais de mil declarações por ano, de todo o pais, de graça, em troca de material para os pobres. Enquanto tiver vida e lucidez vou continuar".

 IDA PARA O DISTRITO FEDERAL

 "Foi super gozado. Desde a obra entre 59 e 63, estive aqui várias vezes trazendo dinheiro para pagamento as empreiteiras. Somente quando fiquei em Linhares que aqui não vim. Em 62 era para ter vindo como Caixa estagiário,mas preferi Linhares, que era no meu estado. Porém de 65 em diante, pelas missões que tive de fazer, ficava mais aqui do que onde servia. Por ter feito curso de crédito rural na Argentina, de lá trouxe um monte de sugestões que os bancos lá praticavam e aqui o BB não fazia. Procurar diferença de um centavo, era coisa comum no BB, enjoei de virar Natal, final de ano (havia data certa para o balanço ir embora) dormindo dentro do banco atrás delas. Na época havia sugerido, copiando dos platinos que até determinado valor, jogava se em prejuízo e também não conferir cheques (havia perto de 4 mil funcionários que trabalhavam de madrugada, fazendo isto. Uma doideira.

Um diretor gaúcho, Dr. Gigante, recentemente falecido, na época até deu despacho que deveria ser demitido o doido que apresentou a sugestão (rolava há dez anos o processo no BB, era demorado, mas o Banco sempre foi uma casa super inteligente. Fazia teste e levantava quando de economia daria a nova idéia. Ele foi obrigado a fazer em mais agências e não teve jeito, foi aprovado. Com isto o grupo de trabalho do qual havia melhorado a idéia (eu dei um monte) me deu nome. Fui trazido para cá, por causa de outra, um projeto que Lauro Rodrigues, um capixaba gênio havia melhorado para mim, de se acabar com as chamadas inspeções. Eu em 1964, fui par ao Piaui, para ficar um mês.

 Lá, fiquei com um famoso Inspetor Hostilio Xavier Ratton, por seis meses. Minha filha Alana, nasceu em maio daquele ano, só a fui conhecer em Junho. Nisto, este sr. que já era o mais antigo inspetor do Banco, de saudosa memória, me ajudou muito. E o famoso chefe que veio depois sr. Castelo Branco, desenvolveu tudo e quando eu estava na presidência do Banco, deitei e rolei, conseguindo ajudar os trâmites de tudo, aprovado pelo presidente que se tornou meu grande amigo, Dr. Camilo, hoje muito doente, mas pelo qual tenho carinho especial e até hoje cuido de tudo dele, Imposto de Renda, etc. Daí para a frente, tudo correu de uma maneira doida, ficando quatro a cinco anos no poder, mas não tenho saudades desta época, confesso.

Vi podridão demais, notadamente no Congresso Nacional. Neste período, eu fui nomeado oito vezes, gerente de agências, até do exterior, jamais consegui sair. A cada nomeação, era designada uma missão. Fui secretario especial de 15 missões do BB, inclusive as mais famosas, escândalo do café, do adubo, da Cobec, da Mandioca e outras. Passei apertos incríveis, dizem até atentados, hoje acho graça de tudo. Meu sonho era voltar para Bom Jesus RJ ou ES, ter casa em Calçado e morrer ai… mas o jeito vai ser mandar minhas cinzas, vou pedir ser cremado e jogá-las aí no Itabapoana".

DEDICAÇÃO À FILATELIA E À NUMISMÁTICA



 Cleber Coimbra (E) e amigos em Encontro de Filatelia e Numismática

 "É história longa, começou quando jovem, quando lia uma revista estrangeira mecânica popular e meus parentes ricos recebiam todas as revistas, jogavam foram, eu guardava e colecionava. Levaria folhas e folhas para descrever tudo. Já tive a melhor coleção de cédulas do pais e minha coleção filatélica Copa do Mundo ganhou prêmios em varias exposições. Doei-a para o Museu do Maracanã há anos. Depois soube que foi roubada e nada sobrou. Uma vergonha. Tinha peças incríveis, chuteira do Friaça – de nossa região, uniforme do Ademir Menezes-, camisa do Pelé, enfim, peças lindas. Mas tudo se foi. Eu continuo mexendo com cédulas, dando palestras sobre como colecionar, investir nesta área e imposto de renda, mas estou parando".

MENSAGEM FINAL

 "Agradeço qualquer espaço que este jornal vá abrir, mas irão sintetizar, eis que a vida do capixaba maluco, amante das Bom Jesus, além disso, sou cidadão de muitas cidades dessa região, MG, ES... acho que cumpri a função que Deus me destinou... O bom foi ter conhecido Bom Jesus, ter convivido com um Posto sem igual, meus três filhos ai nasceram nas mãos do Dr Ruy Pimentel, Cesar Abelha, Dr Seródio... foram cuidados por Dr Ary Lima e Dr. Waldyr (que figura doida meu deus) e ter conhecido o melhor futebol do interior brasileiro, acho que fui o único cidadão que foi diretor do Olimpico e do Progresso, onde formei meus filhos e tive a maior ajuda, de todos os tipos, espiritual, material e de amizade que um cidadão pode receber. Continuo sempre dando todo apoio a nossa região, a Itaperuna (RJ) e Calçado (ES), mas hoje sou fichinha dentro deste horrível panorama político brasileiro atual, onde a corrupção impera, as tais ONGs envergonham o pais, e onde jamais os corruptores vão para a cadeira. Nem aparecem.

Tudo está falido neste pais, Executivo, Judiciário, e principalmente o Legislativo. Não há nacionalismo, só há gente pensando em encher os bolsos, se locupletar. Infelizmente somos um pais que está dando uma sorte imensa, dentro de um cenário mundial terrivelmente perigoso, mas que tem memória semanal. Aqui a mídia faz o que quer, eleva e derruba qualquer cidadão,roubam, os próprios dirigentes nunca sabem de nada e só a vergonha de ver seis ministros defecados em tão pouco tempo, nenhum na prisão, enoja a qualquer cidadão honesto. Tenho pena desta geração, mas tenho esperanças nos jovens que vão fazer o futuro".

segunda-feira, 14 de maio de 2012

1a. OFICINA LITERÁRIA DO ECLB (ESPAÇO CULTURAL LUCIANO BASTOS)


RUBEM BRAGA E O PODER DAS PALAVRAS

Bate-papo sobre Literatura e Humanidades

Com Maria Elvira Tavares Costa – Contadora de Histórias


              Rubem Braga nasceu em 12 de janeiro de 1913, em Cachoeiro de Itapemirim, ES. Reconhecido por muitos como o maior cronista brasileiro do século XX, foi o único escritor a se dedicar exclusivamente às crônicas, elevando-as, com a qualidade e importância de sua obra, à condição de gênero literário.

      Escreveu por mais de cinco décadas nos principais jornais do país, sensibilizando e formando opiniões.

      Foi correspondente da Segunda Guerra Mundial, Chefe do Escritório Comercial do Brasil no Chile e Embaixador do Brasil em Marrocos.

      Amigo pessoal, entre outros, de Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes e Manoel Bandeira - que dizia que Rubem escrevia ainda melhor quando não tinha assunto.

      Foi um menino do interior que, mesmo levantando grandes voos, nunca perdeu de vista sua pequena cidade e os ensinamentos de rara humanidade ali aprendidos.

      Conhecer um pouco da obra e da vida de Rubem Braga é presentear-se com um mergulho em nossas próprias almas – lugar onde mora todo o nosso poder!

      Rubem Braga faleceu aos 19 de dezembro de 1990, no Rio de Janeiro. Suas cinzas, a seu pedido, foram lançadas no Rio Itapemirim, em seu torrão natal. Rio abaixo, nas águas de sua infância, ele retornou ao mar, onde, certamente, brinca alegremente com belas sereias!

      Venha participar conosco!


Sábado, 26 de maio de 2012, às 14h, no Espaço Cultural Luciano Bastos, Praça Amaral Peixoto, 13, Centro. Bom Jesus de Itabapoana, RJ.

Vagas Limitadas. Inscrição: R$40,00.

Facilitação para alunos e professores. Informações: (22)3831-1056 e

espacoculturallucianobastos@ig.com.br. Blog: espacoculturlalucianobastos.blogspot.com
 

domingo, 13 de maio de 2012

FAZENDA DAS AREIAS: A DRAMÁTICA SITUAÇÃO DE UM PRÉDIO HISTÓRICO





Fazenda das Areias: patrimônio histórico em ruínas

A Fazenda das Areias está localizada a cerca de 3 km do distrito de Pirapetinga de Bom Jesus e teria sido construída por escravos nos idos de 1870.

Época de grande prosperidade, a mão de obra escrava se dedicava especialmente ao cultivo do café. Conta o médico e escritor Norberto Boechat que "a Fazenda pertencia, na época, a Henrique Boechat. Com o fim da escravatura em 1888, e sem ter mão de obra escrava, Henrique Boechat acabou falindo". 

Entrada da Fazenda das Areias, construída por escravos

Continua Norberto relatando que "a Fazenda das Areias acabou sendo adqurida, posteriormente, por Modesto Moraes Ribeiro, que a comprou para seu filho Francisco Ribeiro de Aquino, o Chichico das Areias.  A Fazenda  tornou-se então um primor de modernidade, uma vez que Chichico das Areias estabeleceu um sistema de partilha através de meeiros. Com isso,  fixou-se a mão de obra na Fazenda". Norberto  considera, contudo, que "o erro de Chichico foi o de considerar que, estabelecendo em seu inventário a doação dos bens a seus netos, supunha que a Fazenda das Areias seria preservada. Na prática, acabou ocorrendo discórdia entre os vários herdeiros, o que levou a Fazenda ao abandono. Hoje, a situação da Fazenda das Areias ficou dramática; por causa do desabamento de parte do prédio, pode-se ver, da estrada, o outrora quarto de intimidade de Chichico das Areias e sua esposa Doninha".



Norberto salienta ainda que "o avô de Chichico das Areias foi o Barão de Aquino, de Sumidouro (RJ). D. Pedro II chegou a lavrar um documento endereçado ao Barão. A esposa de Chichico das Areias, por sua vez, era filha de João Catarina, um homem progressista, que se tornou um dos primeiros presidentes da 1a. Câmara de Vereadores Republicana do Brasil, em Itaperuna", finaliza Norberto.



Diamantino da Silva Soares, o "Tininho", nascido em 05/08/1926, na Fazenda Vista Alegre - de propriedade de seu avós paternos Francisco Soares e Amélia Soares - se recorda de Chichico das Areias e de sua esposa Francisca Moraes Ribeiro. Segundo Tininho, a Fazenda possuía um engenho de cana, moinho de farinha e de fubá, chegando a ter "13 mil arrobas de café. E se alguém pisasse em um grão de café, Chichico das Areias chamava a atenção da seguinte maneira: 'pisar em um grão de café é como pisar em Deus' ". 

De uma das construções que desabou, só resta a base

Elza de Souza Lacerda, nascida em 19/07/1926, por sua vez, explica que vários descendentes de escravos tornaram-se empregados da Fazenda. Ela se recorda das tropas de burros, os carros de boi e do carretão (carro de boi utilizado para puxar madeiras).



  


Esio Oliveira Campos: a Fazenda das Areias não deveria ter sido abandonada

Já Esio Oliveira Campos, morador de Arraial Novo, região próxima de Pirapetinga, assinalou que "na Fazenda das Areias havia um gerador de luz própria, uma serraria, um moinho para pilar café e cerca de 60 colonos. O primeiro telefone de dar corda, da região, foi instalado na Fazenda Areias por Chichico das Areias, no início do século XX. A Fazenda das Areias não deveria ter sido abandonada", lamenta Esio.


CASA DA ÉPOCA IMPERIAL

Outro prédio histórico da região é a residência de Tininho e de sua esposa Arézia, localizado a cerca de 7 km de Pirapetinga. Segundo Arézia, a casa, que  foi construída na base do barro, foi edificada  também na  época da construção da Fazenda das Areias. "Trata-se de casa de sopapo. Um empurra o barro de um lado e o outro empurra o barro pelo outro lado. Daí o nome sopapo", explica ela. Arézia Ribeiro Soares nasceu em Itaperuna, no dia 04/03/1931. Sua mãe se chamava Maria Louzan e seu pai Valdemiro Ribeiro Dias, ambos nascidos em Campos dos Goytacazes (RJ).
 Tininho e Arézia na casa da época imperial, em Pirapetinga

Os avós maternos de Tininho, por sua vez, se chamavam Diamantino Martins da Silva e Felicidade Conceição da Silva, enquanto seus pais se chamavam João Lopes Soares, nascido em Sumidouro de Cantagalo (RJ) e Maria Belém Martins, portuguesa da região de Vizeu.

Tininho e Arézia casaram-se no dia 24/11/51. Tininho procura não perder a oportunidade de encaixar uma piada: "Parece que são 100 anos de casamento". Diz ele  que  costumava ir de mula para Itaperuna, para namorar Arézia. "Minha mula era muito valorizada. Cheguei a rejeitar 1 conto e 500 réis nela. Certo dia, deixei minha mula por conta de um cocheiro que acabou colocando-a em um beco. O trem passou no beco e matou minha mula. Passei então a ir a pé para Itaperuna, quando eu não conseguia alugar um cavalo, até que consegui comprar um cavalo de nome "Telegrama". Pouco tempo depois, casei e quem realizou o casamento foi o Padre Humberto Lindelan. Só essa mulher pra me tolerar", exclama ele. O casal 7 filhos: Ronaldo, Maria Alice, Vera Lúcia, Silvia,  Márcia, Lúcia Helena e Sueli Soares.
 Ronaldo, Vera, Sílvia e os pais Arézia e Tininho: família unida e exemplo de trabalho

Tininho diz que " já operei intestino, operei estômago, fiz desentupimento de veia, operei as duas vistas, estando quase cego de um olho, já dei e levei dois tiros. Mas, aos 86 anos de idade, continuo trabalhando de 6 horas da manhã às 18 h". Diz ainda que "há 18 anos tenho um túmulo pronto em Vargem Alegre (Pirapetinga) com duas gavetas, uma para mim e outra para minha mulher. Estou achando que as gavetas estão vazias, necessitando de serem preenchidas".

Arézia diz que recebeu um conselho para não derrubar sua casa, pois ela é histórica. A propriedade, contudo, está sendo repartida, em vida, com os filhos, que decidirão sobre o seu futuro.


SEM ATENDIMENTO MÉDICO E COM ESTRADAS MAL CONSERVADAS
David e Ronaldo: reclamação geral contra o estado das estradas

David Machado de Oliveira, 53 anos, nasceu na região, e possui três irmãs: Maria Lúcia, Leila e Marise, já falecida. Seu pai, José Augusto de Oliveira, nasceu em Vista Alegre, enquanto sua mãe, Zilda Dias de Oliveira, nasceu em Barreiras, ambas localidades da região.

Segundo David, "antigamente havia em Pirapetinga um farmacêutico de nome José Lopes, que era negro. Ele era como se fosse o dr. Renan de Itaperuna. Certa vez, minha irmã passou mal e o Chichico Areias socorreu-a levando até José Lopes, que a curou. Hoje, contudo, não há farmacêutico em Pirapetinga. Se precisarmos de atendimento médico necessitamos ir a Bom Jesus ou Itaperuna. Era necessário que houvesse um médico de plantão em Pirapetinga", pontua David.

As estradas da região são outro alvo de sua reclamação: "precisamos de escoar nossa produção, mas as estradas estão muito ruins, cheia de buracos e com o mato entrando na estrada. Precisamos de máquinas para patrolar e roças as estradas".

UM EXEMPLO DE PROPRIEDADE

Ronaldo, Vanderléa e filha: exemplo de produtividade com o apoio do SEBRAE e da EMATER


Ronaldo Ribeiro Soares, 53, anos, também nasceu na região. É  filho de Arézia e Tininho e faz questão de mostrar ao O NORTE FLUMINENSE o sítio Córrego Dantas, de sua propriedade. Com orgulho ,mostra o resultado do apoio do SEBRAE e EMATER e a adesão de sua propriedade ao Projeto PAIS, que incentiva as Hortas com um método especial.

O sítio desenvolve, há cerca de um ano, cerca de  20 criadouros de peixe. Os peixes são vendidos na região.  O café de sua lavoura é vendido para empresas de Varre-Sai (RJ) e Bom Jesus do Itabapoana. As verduras são vendidas para colégios de Bom Jesus e nas feiras de Pirapetinga, que ocorrem aos sábados. Frutas como laranja e coco também são comercializadas na região e na feira de Pirapetinga.

Graças ao SEBRAE, ganhou bomba d'água, caixa d'água e um galinheiro, além da assistência técnica. O grande problema, contudo, é a falta de conservação  das estradas.

(Publicada na edição de 12 de maio de 2012)

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sábado, 12 de maio de 2012

HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO: FUNCIONÁRIOS DO HOSPITAL SE TORNAM EMPRESÁRIOS

WALDIR BATISTA MOTTA, Presidente do Sindicato dos Empregados

           A esperança que surgiu com as medidas anunciadas pelo novo Presidente do Hospital São Vicente de Paulo, dr. CELSO RIBEIRO, aliadas às propagadas pelo Secretaria Estadual de Saúde (SES), deu lugar, em pouco tempo, a incertezas quanto ao futuro do nosocômio.

           Segundo o Presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos dos Serviços de Saúde do Vale do Itabapoana (SESVI). WALDIR BATISTA MOTTA, a boa notícia a respeito dos recursos repassados pela SES, e que servirão para cobrir cinco folhas de pagamento - que atingirão até o mês de março - está se transformando em uma inquietação em relação à regularidade dos futuros salários, uma vez que “os serviços prestados pelo Hospital relativos ao SUS foram muito baixos no mês de abril".

          WALDIR salientou que a verba liberada pela SES é na verdade uma "antecipação dos valores concernentes à contratualização e deverão ser pagos em parcelas. E para que isso ocorra, é necessário que haja aumento no volume de atendimento pelo SUS, o que não está ocorrendo". De acordo com WALDIR, embora tenha havido um aumento de cerca de 100% no número de internações, elas se dão apenas em relação às prestações de serviços no âmbito particular e dos convênios.

           Sustenta assim que, com a defasagem em relação aos atendimentos pelo SUS, "é praticamente certo que os salários do mês de abril não poderão ser pagos, com possibilidade de o mesmo ocorrer nos meses seguintes, se o quadro não for alterado". Não obstante WALDIR reconheça os esforços do Presidente do Hospital, "ainda não consigo vislumbrar uma solução concreta para os problemas reais do Hospital", que segundo ele, exigiria que ocorresse, por exemplo, "a reabertura do serviço da CTI, do Banco de Sangue e da Hemodiálise".

          WALDIR registrou também que cerca de 80 funcionários deixaram o Hospital por conta da crise, contando o nosocômio atualmente com cerca de 210 servidores, fazendo questão de registrar, por outro lado, sua irresignação com o fato de que os "15 Inquéritos Policiais instaurados para apurar os crimes ocorridos no Hospital, e noticiados pela INTERTV, não tenham tido ainda um desfecho".

           Por outro lado, o sindicalista CELSO LEONARDO DA SILVA fez questão de registrar que considera fundamental para a regularização dos serviços do Hospital, que o mesmo atenda a meta do SUS prevista na contratualização: "como isso não está acontecendo, o Hospital não terá como pagar os funcionários em dia, nem regularizar os compromissos assumidos"

.RESOLUÇÃO E CONSTRANGIMENTOS

 Resolução da Secretaria Estadual da Saúde causou constrangimentos

          A Resolução editada pela Secretaria Estadual de Saúde, e publicada no Diário Oficial de 24 de abril de 2012, liberando R$1.244.006,30 com o fim específico de "pagamento de servidores", ao mesmo tempo que gerou contentamento, acabou criando também constrangimentos.

          O primeiro se deveu ao fato da Resolução ter sido publicada por três vezes, devido a erros em sua elaboração, adiando a liberação dos recursos e gerando inúmeras especulações. O segundo ocorreu devido ao fato de, ao invés de o documento exigir a costumeira prestação de contas, a Resolução determinaou a criação de "uma Comissão Fiscalizadora constituída de 03 (três) membros designados pelo Gabinete do Secretário/SES, para acompanhar a utilização dos recursos repassados na presente Resolução".

 TERCEIRIZAÇÃO: FUNCIONÁRIOS DO HOSPITAL SE TORNAM EMPRESÁRIOS

          Por outro lado, as anunciadas terceirizações que indicariam uma retomada da normalidade dos serviços do Hospital, vão revelando, na prática, que ensejarão poucos recursos para o Hospital. De acordo com o que o ex-funcionário do Hospital São Vicente de Paulo, JÚLIO CÉSAR FERREIRA FRIAS, declarou ao O NORTE FLUMINENSE, por celular, no dia 04 de maio, ele e o outro ex-funcionário do Hospital, JOÃO CARLOS LOCATELI, deixaram de trabalhar no nosocômio e criaram uma empresa que já está explorando o serviço de Tomografia para o Hospital.

          Segundo JÚLIO CÉSAR, o médico responsável pelo serviço é o dr. DIACRES SACRE GONÇALVES. Asseverou JÚLIO CÉSAR que o contrato com o Hospital prevê que sua empresa utilizará o Tomógrafo do Hospital e abocanhará 80% dos recursos obtidos com o serviço, repassando ao nosocômio apenas 20%. No entender de JÚLIO CÉSAR, contudo, este contrato seria proveitoso para o Hospital, uma vez que sua empresa cuidará adequadamente do equipamento e fornecerá todos os itens necessários para o seu regular funcionamento.
Empresa terceirizada ocupa prédio do Centro Popular, destina 30% ao Hospital e possuiria crédio de R$174.546,00 com o nosocômio

          Os dois novos empresários não são, contudo, os únicos que deixaram de ser empregados para se tornarem empresários e venderem serviços ao Hospital. JOÃO CARLOS DE SOUZA BENEDITO foi empregado da CLINFORT ASSITÊNCIA MÉDICA E HOSPITALAR LTDA até o ano de 2007, quando se aposentou e fundou a firma CENTRO DE FISIOTERAPIA CLÍNICA E HOSPITALAR LTDA. Logo em seguida, segundo ele, ganhou uma concorrência feita pelo Hospital, e passou a prestar serviços de fisioterapia para o nosocômio.

          Sua empresa ocupa o prédio onde funcionou antigamente a Casa das Meninas, cedido pelo Centro Popular Pró-Melhoramentos, entidade que “tem por fim manter e dirigir o Hospital São Vicente de Paulo”, segundo reza o Estatuto da entidade. Há contrato prevendo o pagamento de E$1.000,00 (mil reais) mensais de aluguel ao Hospital pelo uso do referido prédio, mas que nunca é pago, já que segundo, JOÃO CARLOS, o Hospital deve à sua empresa R$174.546,00 (cento e setenta e quatro mil e quinhentos e quarenta e seis reais), valor atualizado "até a data de 17 de março de 2012", segundo documento expedido pelo setor de Contas a Receber do Hospital São Vicente de Paulo.

          Desta forma, segundo JOÃO CARLOS, os aluguéis seriam sempre descontados do montante total da dívida. De acordo, ainda, com JOÃO CARLOS - que ocupa uma situação sui generis: é empresário, com empresa em nome de seus filhos, e ao mesmo tempo, tesoureiro do Sindicado dos Empregados - os termos do contrato prevêem o destino de 30% da receita bruta para o Hospital, ficando sua empresa com 70%. Ele também considera tal contrato vantajoso para o nosocômio, já que todas as despesas com a fisioterapia seriam assumidas por sua empresa.

           Outro fato curioso que JOÃO CARLOS deixou escapar é a oferta que sua empresa recebeu, em tempo pretérito, para "entrar no consignado do Hospital. Aceitei e minha empresa conseguiu R$100.000,00 (cem mil reais)". Indagado se outras empresas teriam sido beneficiados com este proceder, JOÃO CARLOS limitou-se a dizer: " Respondo apenas por minha empresa", fazendo questão de registrar, contudo, que "cumpro rigorosamente os termos do meu contrato".

 PAGANDO ALUGUEL, APESAR DE DÍVIDA MILIONÁRIA
 Centro Popular paga aluguel de salas, apesar de dívida milionária do Hospital

         Outra situação que chama a atenção é o fato de que, apesar de o Hospital ter uma dívida gigantesca, avaliada em mais de 20 milhões de reais, o Centro Popular Pró-Melhoramentos, entidade que gere o nosocômio, continua a pagar aluguel de salas em prédio localizado do outro lado da rua onde funciona o Hospital, e que segundo informações, estaria em torno de R$2.500,00 ou R$4.000,00 mensais.

           A contradição com este proceder se ressalta ainda mais, levando-se em conta que há salas disponíveis graciosamente tanto no prédio do Hospital como no prédio onde funcionou a Casa das Meninas.


CURSO DE 1o. E 2o. GRAUS E PRÉ-VESTIBULAR ONDE SÓ DEVERIA HAVER FACULDADE
 Ensino Fundamental, Ensino Médio e Pré-Vestibular onde deveria funcionar apenas uma Faculdade

          Um caso que permanece sem qualquer justificativa por parte dos membros do Centro Popular e do Conselho Deliberativo se refere ao fato de que, em tempo pretérito, os associados do Centro Popular foram convocados para autorizarem em Assembleia a doação de terreno exclusivamente para a instalação de uma Faculdade.

          Não obstante a autorização da Assembleia, instalou-se também na área cedida pelo Centro Popular um Curso Pré-Vestibular, além de Cursos de 1o. e 2o. graus - cujas mensalidades variam de cerca de R$300,00 a R$494,00 - ao arrepio da decisão soberana dos associados.

 DESPERTAR DA CIDADANIA : ASSOCIADO QUER INFORMAÇÕES

           Paralelo à situação da grave crise do Hospital, desenvolve-se também na sociedade bonjesuense o despertar do exercício da cidadania. No dia 30 de abril passado, o associado do Centro Popular Pró-Melhoramentos, ANDRÉ LUIZ DE OLIVEIRA protocolou no Hospital São Vicente de Paulo três requerimentos endereçados ao Presidente DR. CELSO RIBEIRO.

          O associado deseja cópia da prestação de contas relativa ao período entre março de abril de 2012, assim como informações sobre a contribuição devida ao INSS concernente aos funcionários do Hospital. ANDRÉ deseja ainda ter informação a respeito do 1 milhão de reais que teriam sido tomados de empréstimo ao Banco Itaú, por autorização do Conselho Deliberativo.

           Consta dos requerimentos a solicitação de a) "cópia da Prestação de Contas do período de março e abril de 2012"; b) "esclarecimentos a respeito da liberação por parte do Conselho Deliberativo no sentido de tomar empréstimo de 1 milhão de reais junto ao Banco Itaú. O que foi feito com tal dinheiro?"; c) "informações acerca da contribuição ao INSS dos servidores. Está sendo feita?"
 Cidadania em ação: associado ANDRÉ LUIZ DE OLIVEIRA quer prestação de contas, informações sobre o empréstimo de 1 milhão de reais e esclarecimento sobre a contribuição de INSS dos funcionários

MINISTÉRIO PÚBLICO APURA IRREGULARIDADES

          Em relação à apuração das irregularidades pelo Ministério Público, o associado dr. GINO MARTINS BORGES BASTOS recebeu o seguinte email, por parte do Órgão de Execução em Itaperuna(RJ):

 "Sr. Gino, Em atenção ao solicitado através de contato telefônico, venho por meio deste informar que as peças de informação trazidas por V. Sa. e entregues pessoalmente ao Dr. Gustavo Santana Nogueira, foram juntadas nos autos do PP 103/11, cujo objeto é "Apurar o desvio e o malbaratamento de recursos públicos recebidos do Município de Bom Jesus do Itabapoana pela atual administração do Hospital São Vicente de Paulo, bem como a falta de prestação de contas do emprego dado a esses mesmos recursos." Na oportunidade, esclareço que a referida inquisa encontra-se em trâmite nesta Promotoria de Justiça. Atenciosamente, Edmir Cruz Mat. 4022/MPRJ"

(Publicada na edição de 12 de maio de 2012)