domingo, 28 de outubro de 2012

O Cheiro e os Sons do Colégio Rio Branco

                                              Eliane Borges Jabor do Carmo



Eliane Borges Jabor do Carmo, nascida em Bom Jesus do Itabapoana, no ano de 1949,  é filha de Jorge Jabor e de Genilda Borges Jabor. Seus pais nasceram em Vargem Alegre (Pirapetinga). Jorge foi pracinha durante a 2a. Guerra Mundial e lutou na Itália durante um ano. Atualmente, Eliane está residindo em Itaperuna (RJ) e  resolveu conhecer o ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos), no dia 22 de junho passado. "Eu sempre me dizia que tinha de vir aqui, onde funcionou o Colégio Rio Branco. Hoje, contudo, tendo em vista que a van que me trouxe a Bom Jesus parou exatamente em frente ao ECLB, eu disse para mim mesma: é hoje!"

Continua Eliane: "Desde 1967, quando me formei como professora,  não retornei ao prédio. É incrível! Eu senti o cheiro da escola e ainda escuto os passos inconfundíveis da dona Carmita, a diretora do Colégio, uma diretora enérgica, cujo olhar inspirava respeito, e cujos passos lembravam um soldado marchando! Lembro-me que quando se tocava o sino e o portão era fechado, ninguém mais abria a boca para falar nada. Recordo-me, ainda,entre tantas outras coisas, do dr.Chiquinho, professor de Matemática, um amor de pessoa. Estou emocionada", finaliza Eliane.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012


 SÍRIOS-LIBANESES

 Os sírio-libaneses, costumeiramente denominados "turcos" em razão de terem a Turquia como porta de saída do Oriente pois lhes fornecia o passaporte de emigração, são os estrangeiros que mais se adaptaram aos nossos costumes, possivelmente pela docilidade de temperamento, por professarem a mesma religião, serem pacientes e adotarem, em definitivo, a nova terra como a pátria, destruindo qualquer intenção de retorno à terra de origem.

 Aqui deram os primeiros ensaios como imigrantes efetivamente a partir do início do século XIX e, com o desenvolvimento da cultura cafeeira, fortaleceram a corrente migratória para o Brasil.

 Descendentes dos fenícios, comerciantes natos como os antepassados, tinham facilidade para mercancia. Ao aqui chegarem, muitos deles, com um baú às costas, cortando várzeas, vencendo morros, atravessando córregos e rios aproximaram-se das fazendas aonde, de início, com fala não inteligível expunham suas mercadorias. Posteriormente, após algumas economias, "o bom turco" adquiria um burrico para varar o longo e penoso percurso, e lá ia ele à frente puxando o animal, agora não mais com miçangas, botões, alfinetes, agulhas, colchetes, dedais, fitas, ligas, elásticos, meias, grampos para cabelos, espelhos, sabonetes, extratos e outros artigos de toucador, como nos primeiros tempos, mas com tecidos finos como seda, lingerie, organza, organdi, linho, cambraia, voil, crepe, tafetá, rendas guipir e richelieu, tudo que o apurado gosto exigia. As vendas eram certas e o pagamento, ainda que a prazo, "era dinheiro contado", pois "o calote", era palavra inexistente na cartilha dos compradores.

 Depois de algum tempo, outro animal era adquirido, desta feita para sua montaria. E assim, numa faina incessante, durante anos no "mascate", conseguia "o turco" amealhar algum dinheiro para, afinal, se fixar numa vila distrital, principalmente em zona cafeeira de grande população e circulação de riqueza visível.

 Numa casinha modesta com poucos cômodos, mas com terreno suficiente para ampliação se estabelecia o "filho do Líbano" com sua família. Era o raiar de uma nova vida. Ele não ficaria mais tantos dias ausente e distante da esposa e haveria, doravante, de ter tempo para dispensar aos filhos, inclusive com a educação. Quanto à alimentação, embora já estivesse ele adaptado ao paladar nacional, sua mulher poderia oferecer-lhe refeições que o fizesse recordar de Richi Maya, Tiro, Sídon e Beirute - como as saladas de pepinos "ao vinagrete", cortados ao comprido; as coalhadas secas, regadas ao azeite de oliva, saboreadas com nacos de pão; a esfiha de acelga ou carne moída; o quibe cru com bastante cebola e hortelã, frito ou assado, o último denominado "de bandeja"; hamis; tabule; kafta e outras iguarias que o fartava ao ponto de, após o regalo tirar um breve cochilo, e se refazer para dar continuidade às suas atividades

 Costumeiramente "o turco" dava ao estabelecimento o seu próprio nome, v.g. "Casa Mansur", "Casa Simão", "Casa Maron" e "Casa Karin" ou o consagrava com o nome do santo de sua devoção: "Bazar São Jorge", Bazar São João", "Bazar Santo Antonio", "Bazar São Miguel", entre outros e, ali, o sortimento de tecidos, ferragens, louças, chapéus, armarinhos e secos e molhados, refletia a sua abastança patrimonial.

 Quando o colono, sitiante ou fazendeiro se deslocava para realizar algumas compras na vila, a "matriarca" logo ingressava no ambiente e, após cumprimentar o freguês, dizia de plano: "gombadre, brimeiro gomer debois faz gombras", onde era ele, de maneira gentil, conduzido para uma farta mesa existente no interior do imóvel com inúmeras guloseimas ostentando dois grandes bules de ágata com leite e café.

 Esses libaneses que contribuíram para a colonização de nosso país tornaram-se grandes compradores de café, comerciantes ou industriais e muito de seus descendentes ocupam hoje lugar de destaque em diversas atividades públicas e privadas, orgulhando-nos, bem como aos seus ancestrais.

 COLONIZAÇÃO SÍRIO LIBANESA

 ESTADO DO RIO DE JANEIRO

 REGIÃO NOROESTE

 Bom Jesus do Itabapoana
 Abdalah, Adib, Alli, Antonio, Aride, Assad, Bomeny, Bussad, Chaloub, Chebe, Chicle, Couze, Crissaff, Curi, Cury, Daruich, Aud, Eid, Elias, Elkik, Faial, Farid, Felício, Felippe, Felix, Feres, Gazem, Habib, Hette, Hobaica, Jabour, João, Jorge, Kalil. Karim, Kastor, Lahud, Mansur, Maron, Melhim, Miguel, Mouzi, Naciff, Nagib, Namen, Nassar, Ourique, Paulo, kiffer, Quirino, Rachid, Saad, Said, Saleme, Salim, Salomão, Tabet, Tannus, Tebet, Tuffi, Turques, Ximenes.

 Cambuci
 Buissa, Gazal, Jorge, Kiffer, Latuf, Nametala, Namen.

Itaperuna

 Bussad, Chacour, Chaia, Chaie, Chaquer, Chequer, Farah, Farid, Feres, Gazal, Haman, Latif, Latuf, Mansur, Maron, Merchid, Nabi, Nacif, Nefa, Salim, Tuffi.

 Itaocara


 Alexandre, Ameis, Antonio, Bechara, Buissa, Curi, Cury, Daib, Farid, Felix, Gazen, Jorge, Kiffer, Latif, Maron, Miguel, Nacif, Namen, Saad, Salim, Salomão, Sarruf, Tuffi, Wagaleir.

 Miracema

 Amin, Assad, Buissa, Cacheado, Chacourr, Chaia, Chiclala, Farid, Felix, Nacib, Nacif, Namen, Nametala, Neder, Rachid, Salim.

 Santo Antonio de Pádua

 Assef, Bendia, Chain, Chiclala, Daher, Elias, Hainborque, Haikal, Jasbick, Jorge, Kelly, Mansur, Massaud, Nacif, Richar, Sader, Simão.


 Do livro "A colonização Leste..."
 
 Desembargador Antonio Izaias da Costa Abreu

 Membro da Comissão de Preservação da Memória Judiciária

 do Museu da Justiça - TJRJ
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


                CEMITÉRIO DE ESCRAVOS NA SERRA DO TARDIN         Um Patrimônio Histórico de Bom Jesus do Itabapoana

Observação: no dia 02 de novembro de 2006,  O Norte Fluminense esteve na zona rural da Serra do Tardin, e realizou a presente reportagem . Esta matéria, contudo, extraviou-se. Com a localização da mesma, publicamo-la nesta edição, cerca de sete anos depois.


                                       Entrada do Cemitério da Serra do Tardin


Conta a história que, no ano de 1842, o mineiro Antônio José da Silva Nenem chegou à região, que se tornou, posteriormente, na cidade de Bom Jesus do Itabapoana. A cerca de 15km dali, os índios puris residiam na área conhecida como Serra do Tardin. Temidos, os índios ali teriam vivido até os idos de 1850, quando provavelmente teriam sido expulsos.

Com a ocupação da Serra do Tardin, restou construída a "Fazenda Jesuína", para onde foram levados os escravos, para derrubarem as matas e trabalharem nas lavouras.

Próximo à fazenda, foi construído pelos escravos um cemitério, que constitui-se em patrimônio histórico do município.

Cerca de 40 minutos após nossa partida da sede, sob sol escaldante, encontramos Vanderlei Antonio Boniolo, que reside na Serra há  mais de 40 anos. De seu cavalo, informou que possui poucas informações sobre o Cemitério da Serra do Tardin. Contudo, sabe que os escravos ficavam "presos" na fazenda, trabalhando para o crescimento econômico da região. Em seguida, indicou a proximidade da entrada para o Cemitério.



                           Vanderlei Antonio Boniolo: os escravos ficavam presos

 MURO DE PEDRAS

A reportagem chegou a um ponto da estrada em que um muro de pedras se erguia, às margens de uma outra estrada perpendicular, como se indicasse que deveríamos seguir os contornos do muro para chegarmos ao cemitério. Com efeito, o muro de pedras se estendeu até a chegada do mesmo, envolvendo-o.

Toda a edificação de pedras foi construída pela mão de obra dos escravos da Serra do Tardin.

Dentro do cemitério, observamos que moradores antigos da região foram ali enterrados, assim como seus descendentes.


                                       Muro de pedras sinaliza para o cemitério




A CONSTRUÇÃO DO CEMITÉRIO NO SÉCULO XIX

Uma sepultura, perfeitamente identificada, contendo os restos mortais de Francisca Angela Fiuza, falecida no ano de 1895, assim como de seu marido, nos dá pistas para a época da construção do cemitério. Consta na lápide:

"AQUI REPOUZÃO
OS RESTOS MORTAIS DE
FRANCISCA ANGELA FIUZA
NASCIDA A 21/2/1851
FALLECIDA A 16/3/1895
E SEU MARIDO
AFFONSO PONCE DE LEÃO"





A DESATIVAÇÃO E O RESTABELECIMENTO DO CEMITÉRIO


Enquanto a reportagem estava no interior do cemitério, apareceu Manoel Boechat, atualmente residente em Itaperuna(RJ), que veio prestar homenagem a seu pai Mercílio. Ao lado de sua companheira, Alcina da Cruz Breu, relatou que a atual fazenda é conhecida como "Fazenda dos Escravos", não sabendo mais detalhes sobre a mesma, nem mesmo podendo apontar com segurança sobre o local onde estariam seputaldos os restos mortais dos escravos.


            Manoel Boechat e Alcina: região conhecida como Fazenda dos Escravos


A desinformação sobre o cemitério talvez se dê pelo fato de o mesmo ter sido desativado por muitos anos. O diretor de O Norte Fluminese, dr. Luciano Augusto Bastos, relatou em artigo, a reativação do Cemitério da Serra do Tardin, quando do falecimento do seu amigo Mário Nunes, aos 94 anos de idade. Na época, ele assinalou:

    "Com a morte de Mário Nunes, aos 94 anos de idade, encerrou-se o ciclo da primeira geração   descendente do patriarca Elias Nunes. Família brilhante essa dos Nunes. O patriarca, que viveu além dos cem anos, integrou a primeira Intendência Municipal, quando da emancipação bonjesuense de 1890. Mário - como seu irmão Tito Nunes - cumpriu trajetória importante na política. Vereador do "velho" PSD de Amaral Peixoto e Zezé Borges, chegou a ser candidato a prefeito pela legenda pessedista. Sua biografia e dados pessoais certamente ocuparão outro espaço neste jornal e na imprensa em geral.

    Mas o que não se dirá é o efeito grandioso do seu sepultamento ter se efetivado no Cemitério da Serra do Tardin, desativado há várias décadas. Não se falará que o seu filho Delton de Mattos venceu uma batalha da maior importância histórica e sentimental cumprindo o desejo de que Mário fosse ali sepultado, ao lado dos seus pais.

    Para isto, abriu-se uma estrada de acesso, reativou-se o Campo Santo, escondido, esquecido e abandonado, sabe Deus com que dificuldades e incompreensões.

    Foi uma emoção inenarrável ao se chegar nos altos da Serra e ali deparar em local ermo e tranquilo a moradia eterna dos antigos habitantes. Por uma estrada centenária, em forma de arco, incrivelmente conservada, se adentra no pequeno cemitério, todo cercado de pedras superpostas colocadas pelos escravos da época, numa visão majestosa, imponente. Árvores sombreiam e no centro o jazigo de Elias Nunes e sua mulher Maria onde emoldurados estão seus retratos como a enviar uma mensagem de perenidade.

   Descansa Mário Nunes no solo querido, berço de sua infância e de uma vida exemplar de luta e coragem, ao lado dos seus pais.

  Fico a meditar na grandeza dessa luta pela memória dos nossos ancestrais e no pensamendo de Manch de que 'o tempo que estamos vivendo temos que vencê-lo com a presença dos nossos antepassados'
".


ESCRAVOS

               José Francisco: escravos eram sepultados sem qualquer registro


Chama atenção, por outro lado, o relato de que os escravos tenham sido enterrados no mesmo cemitério destinado aos moradores da região, diferentemente de outras partes do país, onde os escravos foram enterrados em locais distintos.

A identificação do local onde estariam os restos mortais dos escravos, para quem realiza a visita pela primeira vez, é feita na base de conjecturas. Pedras fixadas em diferentes pontos da superfície do cemitério poderiam apontar para a resposta pretendida. Uma dessas pedras estava cercada por barras de metal. Palmira Joaquim da Cunha, residente na região, há cerca de 18 anos, informa que ali estaria enterrada uma escrava de pré-nome Francisca. Segundo ela, "Francisca tinha se recusado a namorar um escravo. Pela manhã, quando ela estava lavando o coador para fazer café, foi morta a cacetadas por ele".







Ao lado desta sepultura, duas rosas vermelhas artificiais foram afixadas ao lado de outra pedra, sem qualquer cerca, e sem qualquer informação sobre os restos mortais que ali repousam.




José Francisco de Almeida de Souza, 49 anos, morador da região desde os 3 anos de idade, informou que a ausência de identificação dos escravos ocorria porque "quando os escravos morriam, simplesmente furavam a terra e sepultavam sem qualquer escrita".


HISTÓRIAS

  Algumas histórias relacionadas com o cemitério são contadas por alguns moradores. Palmira, anteriormente mencionada, afirma que sua filha Cristina, casada com um alemão, visitou-a há oitos anos atrás, com uma filmadora. Depois que filmaram o cemitério, assim que Palmira fora observar as imagens pela própria filmadora, viu " um homem sentado com a perna cruzada, de calça marrom, botina preta, chapéu preto e camisa de manga comprida tricolina, sentado em cima das pedras". Segundo Palmira, esta imagem não foi vista por mais ninguém: "Meu cunhado, da Alemanha, contudo, disse que viu as mesmas imanges que eu".

Outra história, contada por Antonio Nunes de Alvarenga, o Tóti, companheiro de Palmira, dá conta de que "na quinta-feira passada, fui a Bom Jardim. Ao anoitecer, quando eu retornava à Serra do Tardin, vi um casal estranho de mãos dadas. Dei boa noite, mas eles não responderam. Aí, me convenci que não eram pessoas deste mundo".

O casal lembra um relato de um morador da região, José Pedro, já falecido: "sua mulher estava esperando  um bebê e passou mal. Saiu, então, a cavalo, para buscar uma parteira. Ao passar por uma conhecida moita de bambu, que havia na estrada, viu um caixão no meio da estrada, cheio de velas em volta. João Pedro teria então gritado: Me dá licença porque estou em uma causa urgente. O caixão rodou e deu caminho a José Pedro".


                             Palmira (D), Tóti e familiares: histórias para contar



 CIRCUITO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO


O Cemitério dos Escravos, da Serra do Tardin, constitui, juntamente com os demais patrimônios históricos aqui retratados pelo O Norte Fluminense, um  Circuito Histórico e Arqueológico que tem ainda muito a revelar a respeito da contribuição dos diversos povos para a formação da nossa gente.





Da Série Entrevistas de O Norte Fluminense

Vida dedicada ao amor-serviço


                      Camilo Monteiro de Rezende Filho


Camilo Monteiro de Rezende Filho é filho de Camilo Monteiro de Rezende e Eugênia Monteiro de Rezende, casal que soube viver o amor em suas multifaces, com 11 filhos que formaram o seu lar cristão.Foi o antepenúltimo a vir ao mundo, em 19 de maio de 1924, no então distrito de Piau-MG, que pertencia, na época, ao município de Rio Novo, onde moraram por vários anos.

Camilo lembra dos seus 10 irmãos: Artur, Paulo, Marco, Geraldo, Antonio, Maria da Conceição, Joaquim, Carlos, Domiciano e Maria do Carmo. Desses, apenas ele, Joaquim e Maria do Carmo estão vivos. "Joaquim reside em São João do Paraíso (RJ), enquanto Maria do Carmos mora em Sâo Fidélis", acentua.


                            Camilo e sua irmã, Maria do Carmo, em São Fídélis


Camilo se recorda dos avós maternos Joaquim e Maria Eugênia. Seu avô era mineiro de Rio Novo, enquanto sua avó era natural de São Fidélis. Nâo conheceu, contudo, os avós paternos.

Conta ele que, em certa época, "um cunhado de papai adquirira uma fazenda em Cambuci (RJ), para plantar café, e todos foram par lá. Posteriormente, passaram a morar na Fazenda Sâo Francisco".

Complementa sua filha, Maria Eugênia, informando que "quando seu pai possuía doze anos de idade, a família estabeleceu-se na fazenda São Francisco, distrito de Monte Verde, pertencente ao município de São João do Paraíso, onde pais e filhos dedicaram-se ao cultivo do café e à criação gado leiteiro. Este local, possuidor de uma belíssima queda d’água, fornecia luz elétrica, fato inusitado na época, mantendo-os ligados ao mundo através do rádio elétrico".

                                  Seu casamento em São Fidélis em 04/02/1950


Adolescência e Tiro de Guerra

Camilo se recorda de que mudou-se para Sâo Fidélis de Sigmaringa (RJ) por influência de seu irmão Geraldo. Lá ele serviu ao Tiro de Guerra e residiu grande parte de sua vida, tornando-se cidadão fidelense e admirado por seu exemplo de vida. Nesta época, iniciou-se no mundo do trabalho. Com pouco estudo, mas persistência, boa vontade nunca faltou ao mesmo.

Começou sendo um "boy" no Cartório do 1o. Ofício do sr. Edwirges Campos Amaral. De acordo com Camilo, "Amaral era primo de Amaral Peixoto, governador do Estado do Rio de Janeiro. Edwirges era mineiro e me convidou para trabalhar com ele".

                                         Aniversário de sua neta Crystine


Idade Adulta

Vários anos se passaram e o sr. Edwirges Amaral acabou mudando-se para o Rio de Janeiro, deixando-o como substituto. Quando este se aposentou, Camilo passou a ser titular do Cartório. Trabalhou com afinco e dedicação acumulando a função de escrivão-eleitoral. 

Aposentou-se aos 70 anos de idade e 53 anos de serviço, recebendo homenagem meritória do Tribunal de Justiça pelos feitos e ações desenvolvidas. Viúvo, casou-se com Hilda Corrêa Monteiro de Rezende. É pai de três filhos, sete netos e vários sobrinhos orientados. Nos dizeres de sua filha Maria Eugênia, "enfrentou com maestria e firmeza as grandes perdas nos percalços do seu cotidiano, sem nunca questionar o porquê. Mesmo quando a dor atinge o âmago de sua alma".



Camilo com sua primeira bisneta Mariana


 Com o neto Otávio e sua segunda bisneta Júlia


Camilo e a neta Crystine aniversariam na mesma data. Aqui em foto de 19/05/2012.


Vinda para Bom Jesus do Itabapoana

No dia 08 de outubro, à tarde, encontramos Camilo sentado em um dos bancos do Center Shoping Bom Jesus: "estou aqui apreciando o vento fresco, neste dia de calor", esclarece.
Camilo veio para Bom Jesus do Itabapoana no início do ano de 2006, por estar viúvo, com idade avançada e por necessitar de cuidados específicos para sua saúde, sendo melhor assistido por sua única filha, Maria Eugênia, e seus 2 netos que aqui residem: Otávio, que é farmacêutico, e Crystine, dentista.

Foi em 1973 que Maria Eugênia se casou em São Fidélis com o bonjesuense Miguel Rangel, vindo, a seguir, a morar em Bom Jesu do Itabapoana e tiveram seus dois filhos.

Em Bom Jesus, Camilo diz que gosta de visitar dois lugares com o objetivo de "driblar a glicemia e degustar aquele arroz doce": Padaria Roque e Panificadora Família Borges, "onde "ningúem viu, ninguém sabe". Maria Eugênia, contudo, exclama uma dúvida: "Será mesmo??" Ele relembra com saudade dos irmãos e de sua esposa, que gostava de viajar. Relembra de sua vida dedicada ao trabalho e à Igreja.

Teve 3 filhos: Maria Eugenia Monteiro Rangel sua filha mais velha que é Pedagoga, Orientadora Pedagógica, Educacional e Diretora escolar; Francisco Carlos Corrêa Monteiro, seu filho do meio, reside no Rio de Janeiro com sua família, é engenheiro elétrico e empresário no ramo de Engenharia proprietário da FRAMON engenharia; Marco Aurélio Corrêa Monteiro, seu filho mais novo, é falecido, foi enfermeiro e proprietário de uma farmácia em São Fidélis.


                              Aniversário de 60 anos de sua filha Maria Eugenia



Feliz idade

Para Camilo, "atingir o pódio do seu viver representa a essência do ser idealizado pelo divino". Em Bom Jesus do Itabapoana conquistou amizades, sendo respeitado pelo seu jeito de ser. Gosta de andar, passear, ler jornal, mas seu hobby favorito é o futebol, sendo torcedor fanático do “Fogão”. Católico fervoroso, é assíduo frequentador da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus e fiel temente a Deus.



            Seus 3 filhos: Francisco Carlos (E), Marco Aurélio e Maria Eugenia

Mensagem

Ao final da reportagem, Camilo deixa uma mensagem para as novas gerações:

"Servir ao próximo sem esperar nada em troca.
Trabalho honesto, sério e comprometido"



                                Aniversário de 80 anos com parte da sua família
3piano homenageia os 80 anos de A Voz do Povo


Ocorreu no dia 21 de setembro, no salão da Câmara Municipal, uma singular homenagem do consagrado 3piano aos 80 anos do jornal A Voz do Povo.

A VOZ DO POVO


             Dra Nísia Campos, redatora, e Regina Lúcia, secretária e tesoureira


Dra Nísia Campos, redatora do jornal, abriu o evento relatando uma síntese da história do mesmo: "O jornal 'A Voz do Povo' atravesssou por duas fases. Fundado em 06/09/1930 por Osório Carneiro e José Tarouquela de Almeida, durou um ano. Posteriormente, os dois editaram o jornal 'Bom Jesus', que teve curta duração. No dia 05/08/1933, Osório decide reabrir o 'A Voz do Povo', que está em atividade ininterrupta até os dias atuais.

Em 29/03/1965, com a saúde abalada, Osório Carneiro  procurou pessoas que quisessem adquirir o jornal. José Ferreira Borges, proprietário do Cartório de Bom Jesus, chegou a afirmar que passara mal ao ver Osório sendo obrigado a desfazer do tão querido jornal. Michel Saad e José Antonio Saad adquiriram o jornal. No dia 15/09/1969, José Antonio Borges vendeu sua parte para Carlos Borges Garcia que, por sua vez, no dia 25/06/1980, vendeu sua meação para o dr. Salim Darwich Tannus, que permaneceu no jornal até o seu falecimento, no dia 15/11/1989.

Dr. Salim, ao assumir A Voz do Povo, criou sua equipe, da qual fiz parte. Se, até hoje, estou em A Voz do Povo, agradeço ao dr. Salim e a sua esposa, dona Amélia. Há 32 anos estou no jornal, procurando servir à comunidade. Ressalto aqui a atuação da funcionária Regina Lúcia que está há 27 anos no jornal, trabalhando como secretária e tesoureira. Esta homenagem que o 3piano presta ao jornal é dedicada a todos os  que entraram e saíram de A Voz do Povo, deixando sua contribuição para o desenvolvimento de nossa sociedade".

Em seguida, teve início o espetáculo com o 3piano.


APRESENTAÇÃO DO 3piano



  Ana Luíza Xavier, Luis Otávio Azeveo Barreto, Antônio Bendia Júnior e Mateus Sinis


O trio inovou em sua apresentação, utilizando de multimídia contendo um divertido "Jornal do Povão" apresentado por Luis Otávio Barreto.

Quando os três jovens pianistas entraram em cena, contudo, o humor foi  pouco a pouco cedendo espaço para a evocação de sentimentos mais profundos. As interpretações de "Trenzinho do Caipira", de Heitor Villa-Lobos e de "Trem das Onze", de Adoniram Barbosa, esta acompanhada por Mateus Sinis, na flauta, e pela platéia, consubstanciou uma autêntica "voz sonora do povo".


O público e a "voz sonora do povo"


A partir de "Coisas Nossas", de Noel Rosa, a sensibilidade passa a dominar o ambiente, prosseguindo-se com "Sinfonia de Contato 156", de Bach, "In My Life", dos Beatles, "Sonata ao Luar", de Beethoven e "Titanic", de David Guetta.

A apresentação de "Quando a Chuva Passar", que fez sucesso na voz de Ivete Sangalo, foi um pretexto para a exuberância do saxofone de Mateus Sinis que, juntamente com Elisa Xavier, na área da multimídia, devem, a partir de agora, acompanhar o 3piano em suas apreesentações.

O final foi novamente apoteótico: "Concerto Para Uma Voz", de Saint Preux, a seis mãos. O público, mais uma vez, aplaudiu de pé. Fecharam-se as cortinas. Os sons dos pianos, da flauta e do saxofone continuaram a ecoar. Os aplausos também.


Bendia Júnior, Elisa Xavier, Mateus, Luis Otávio e Ana Luíza






Crise no Hospital São Vicente de Paulo

HOSPITAL APURA EMPRÉSTIMO QUE PREJUDICOU FUNCIONÁRIOS

RAIO X: 30 dias para resultado no Hospital, 2 dias em entidade privada

"HOSPITAL DEVE SER MUNICIPALIZADO"
Leia entrevista com Jorge Ricardo da Silva Freire



Hospital São Vicente de Paulo


Uma segunda sindicância administrativa foi instaurada no Hospital São Vicente de Paulo, desta vez, subscrita apenas pelo presidente da entidade, dr. Celso Ribeiro.

Segundo a Portaria datada de 8 de outubro passado, vai ser apurado o "empréstimo consignado junto à CEF" que teria ocorrido "no interior deste nosocômio e que vem gerando demandas judiciais que certamente irão agravar o estado financeiro do Hospital São Vicente de Paulo".

Entre os inúmeros ingredientes da crise pela qual passa o Hospital São Vicente de Paulo, há o relativo ao fato de que, há cerca de três anos, por solicitação da direção do nosocômio, dezenas de funcionários aceitaram pegar um empréstimo de cerca de R$5,5 milhões junto à CEF, para que os salários pudessem ser pagos. O fato é que o empréstimo acabou não sendo pago e os nomes dos funcionários estão, até hoje, positivados no SPC.

A comissão sindicante está integrada por Alexandre Cardoso, José Paulo da Silva Neto, José Luiz Oliveira, Layzza da Silva Vaillant e Vanessa Fitaroni de Almeida Rodrigues. Foram nomeados, ainda, "integrantes externos": Celso Leonardo, João Benedito da Silva e Rodrigo Diniz de Souza. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de 90 dias.


ELEIÇÃO PARA A DIRETORIA DO CONSELHO DELIBERATIVO 


Ocorrerá no próximo dia 22 de outubro a eleição para a composição do Conselho Deliberativo do Centro Popular Pró-Melhoramentos que, por sua vez, escolherá a diretoria da entidade.


RAIO X: 30 DIAS PARA O RESULTADO NO HOSPITAL, 2 DIAS EM ENTIDADE PRIVADA


O resultado de um exame de raio X costuma levar cerca de um mês, ou mais, para ser entregue a um paciente, na hipótese do exame ser realizado no Hospital São Vicente de Paulo, enquanto é entrregue cerca de dois dias, caso seja realizado em entidade particular.

Denúncias como esta foram feitas por várias pessoas ao O Norte Fluminense. Segundo uma delas, cerca de "200 exames estariam sendo esperados por pacientes do São Vicente de Paulo". Com esta situação, segundo os denunciantes, pacientes acabariam naturalmente procurando o serviço privado, em detrimento do hospital.
Por outro lado, segundo fonte do hospital, na medida em que o São Vicente não poder oferecer serviços à população, o Consórcio Intermunicipal de Saúde, entidade formada pelos municípios da região, e integrado pelos secretários municipais de saúde, encaminha os serviços para médicos credenciados e não para o Hospital, que é convenidado com o SUS.

Segundo essa fonte, o Consórcio Intermunicipal foi idealizado para fomentar os serviços médicos que o hospital não pode prestar à população. Na medida, contudo, que o São Vicente de Paulo está sem poder oferecer os serviços à população, o Consórcio, ao invés de estimular que os serviços sejam feitos no nosocômio, faz o encaminhamento de pacientes a médicos que atendem fora do hospital. Diante desta situação, segundo esta mesma fonte, a crise do hospital tenderia a se acentuar.

 
QUATRO MESES DE SALÁRIOS ATRASADOS

Os salários dos funcionários do hospital estão com 4 meses de atraso. A direção efetuou o pagamento da segunda metade relativa ao mês de maio, faltando o pagamento dos meses de junho, julho, agosto e setembro. Segundo o diretor do Sindicato, Celso Leonardo, a entidade ainda  não recebeu qualquer informação a respeito da normalização do pagamento dos salários.

AINDA SEM RESPOSTA

Associado André Luiz quer a prestação de contas de março e abril de 2012


O associado André Luiz, que protocolou requerimentos ao presidente do Hospital, no dia 30 de abril passado, até hoje não recebeu qualquer resposta.

Os  requerimentos apresentados solicitaram: a) "cópia da Prestação de Contas do período de março e abril de 2012"; b) "esclarecimentos a respeito da liberação por parte do Conselho Deliberativo no sentido de tomar empréstimo de 1 milhão de reais junto ao Banco Itaú. O que foi feito com tal dinheiro?"; c) "informações acerca da contribuição ao INSS dos servidores. Está sendo feita?"


ENTREVISTA

Jorge Ricardo da Silva Freire: "os serviços do Hospital devem ser municipalizados"

Jorge Ricardo da Silva Freire é bonjesuense, filho de Ivone Gomes Freire e Gessy SIlva Freire. Consultor, de volta a Bom Jesus, há cerca de 5 anos, passou a se inteirar dos problemas do Hospital São Vicente de Paulo a partir do dia 23 de maio do ano passado, quando ocorreu uma manifestação pública informando sobre os problemas do nosocômio.

Segundo Jorge, após analisar detidamente a situação do São Vicente, constatou que diante da situação econômica pela qual atravessa o hospital, crise esta que, segundo soube, não é de agora, "tenho certeza absoluta que o Centro Popular Pró-Melhoramentos não possui mais condições de administrar os serviços do hospital, que está quebrado e praticamente fechado.A única saída é a municipalização dos serviços do São Vicente. A secretaria municipal de saúde possui cerca de catorze a quinze milhões de reais de orçamento. Este valor, acrescido das receitas com o SUS, planos de saúde e convênios, é suficiente para normalizar a situação do São Vicente. Minha sugestão, portanto, é que o poder público municipal se responsabilize pelos serviços prestados, deixando que o Centro Popular permaneça na gestão administrativa do hospital".

Jorge pondera que, na hipótese de a ideia da municipalização não ser aceita, o caminho deveria ser a criação de um Hospital Municipal, ou então, a estadualização do nosocõmio. "Não sendo aceita a municipalização dos serviços, através do São Vicente, entendo que o município deveria  tentar, primeiramente, se articular para assumir o patrimônio da antiga Casa de Saúde, que, aliás, teria ido a leilão, sem aparecer qualquer interessado. A prefeitura poderia aproveitar toda a estrutura existente no prédio da Casa de Saúde, que possui laboratório, sala de cirurgias e UTI, e estabelecer um Hospital Municipal. Se esta ideia também não for aceita, a estadualização do hospital seria uma outra alternativa."

Uma outra proposta sugerida por ele seria a articulação com o Ministério da Saúde para a instalação da UPA 24 horas: "o inconveniente aqui é que uma UPA leva cerca de 2 a 3 anos para ser construída, já que, em geral, está orçada em 12 milhões de reais".

Jorge assinalou, por fim, que "a sociedade bonjesuense não observa transparência nos atos relativos ao São Vicente. Não se sabe o valor real da dívida e a quem se deve. Até agora não tomamos conhecimento de nenhuma prestação de contas. Devemos nos lembrar, por outro lado, que para que o hospital volte a ter atividade normal, deverá receber investimento de verbas públicas. A maioria das dívidas do São Vicente está relacionada a relações jurídicas com o município, o estado e a União. A solução para o Hospital, portanto, será necessariamente política, envolvendo todas as esferas do poder", concluiu.