sábado, 15 de dezembro de 2012





 Da Série Entrevistas de O Norte Fluminense
O HISPANO-BONJESUENSE


Faustino: visão de humanidade
Faustino Ruiz Fernandez nasceu em Madri, no dia 25 de abril de 1933. É filho de Antônio Ruiz Lopez e Carmem Fernandez Ciria. Seu pai nasceu em Andaluzia. Tem como avô paterno Manoel Ruiz, e como avós maternos Faustino Fernandez Gallinar e Célia Fernandes Ciria.

Faustino, quando criança

Faustino e a 1a. Comunhão

Faustino, com 21 anos de idade

Faustino e a ponte que liga Bom Jesus do Itabapoana (RJ) a Bom Jesus do Norte (ES)



Faustino Fernandez Gallinar, avô de Faustino


Sua relação com Bom Jesus do Itabapoana começa na década de 1950, com a vinda ao Brasil do seu tio Franscico Fernando Ciria e do amigo Armando, como ocorreu com muitos espanhóis até a década de 1960. Quando chegaram ao Rio de Janeiro, estabeleceram-se como marceneiros e entalhadores, esculpindo em madeiras. Como possuíam, contudo, a incumbência de entregar uma encomenda para o padre espanhol Ovídio Simón, pároco em Bom Jesus do Itabapoana, para aqui vieram.

Ao chegarem, receberam proposta do padre para construírem as portas da Igreja Matriz, os bancos e os confessionários.A dupla aceitou a proposta e convidou o pai de Faustino, Antônio Ruiz Lopes, que trabalhava no comércio, em Madri, para vir também a Bom Jesus. Estabeleceram-se então na vizinha Bom Jesus do Norte (ES), instalando ali uma marcenaria. O trio foi o responsável também pela escultura de São José que se encontra Igreja de Itaperuna (RJ).


Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus






Os bancos e as portas dos confessionários da Igreja Matriz são obras dos espanhóis






Os espanhóis Francisco e Armando se fixaram em Bom Jesus na década de 1950


Antonio Ruiz Lopes, pai de Faustino, veio a Bom Jesus, posteriormente


 
Faustino contava, então, com 20 anos de idade, mas só pôde vir ao Brasil dois anos depois, com sua mãe,  após concluir o serviço militar no exército de Francisco Franco, que comandou uma ditadura entre 1939 e 1975.

Faustino (D) e amigo servindo o exército de Francisco Franco


Em Bom Jesus, Faustino passou  a namorar com a norte-bonjesuense Maria Aparecida Baptista. Um fato curioso relatado por ele, refere-se ao baile de debutantes. Faustino fora convidado para acompanhar Maria Aparecida. Como não conseguira, contudo, um terno que lhe coubesse, acabou sendo ajudado pelo então vice-governador, Roberto Silveira, que possuía um terno que cabia perfeitamente em seu corpo. Foi assim que Faustino pôde participar do baile das debutantes, no Aero Clube. Do casamento com Maria Aparecida, tiveram dois filhos: Tino Marcos e Kiara Baptista Fernandez.


Baile das Debutantes, 1957, no Aero Clube. Terceiro casal a partir da esquerda.
 

 Foto de casamento em 1960: José da Silva Baptista (Juquita) e Maria Teixeira Martins da Silva (Nenzinha), Maria Aparecida, Faustino, Antônio Ruiz Lopez e Carmem Fernandez Ciria com as crianças Jussara e Rita de Cássia


PAIXÃO POR FUTEBOL E FILMES


Faustino conta que é apaixonado por futebol:"O dia mais feliz de minha infância foi quando ganhei uma bola", assinala. Essa paixão por futebol foi uma constante em sua vida. Chegou a jogar no clube espanhol Rayo Vallecano e, em 1956, e integrou a equipe do Ordem e Progresso, de Bom Jesus do Norte, ao lado de Beni, Jaci, Graveto e Ernâni, e outros. No Rio de Janeiro, assistiu a cerca de 1.700 jogos no Maracanã.


 
Faustino, com 18 anos

 
Faustino e a paixão pelo futebol, em 1979


Faustino trabalhou por 10 anos, em Duque de Caxias, no Banco de Comércio e Indústria de Minas Gerais, que acabou encampado pelo Banco Nacional. Foi ali que trabalhou com seu melhor amigo: Silvestre Pereira Ramos, oriundo da Usina Santa Isabel, e atualmente residente em Niterói (RJ). "Nós trabalhamos juntos no Banco do Comércio de Minas Gerais. Eu o considerava o melhor funcionário do banco, e ele achava o mesmo de mim. Ele era mais técnico, enquanto eu tinha mais iniciativa. Era amigo também de futebol e de Maracanã", assinala.


Outra de suas paixões são os filmes. Além disso, gosta de pintar "natureza morta" em seu ateliê.O gosto pela pintura surgiu através da orientação de seu tio Francisco, que aconselhou-o, após o casamento, a ter hábitos de distração e hobbies dentro de casa. Seguiu o conselho. Foi a partir daí que passou a pintar, desenhar e escrever. Chegou a jogar xadrez no Rio de Janeiro à luz de velas, na epoca de apagões, tendo gosto, ainda, por baralho.


Quando residia no Rio de Janeiro, tornou-se proprietário da fábrica Matisse, que funcionou durante cerca de 10 a 15 anos. A loja chamava-se El Hogar, que significa "o lar. Essa fábrica tornou-se conhecida nacionalmente pela qualidade dos móveis fabricados", informa Faustino, que tinha a incumbência de realizar os desenhos dos móveis que eram construídos pelos funcionários."Eu desenhava peças e mandava fazer na fábrica", explica.

Propaganda da loja El Hogar



Móveis da Fábrica Matisse guarnecem a residência de Faustino



 
Num prédio contíguo à residência de Faustino, funciona a concorrida Clínica Espaço de Terapia Estética, comandada por sua esposa e a filha Karina. Faustino e Maria Aparecida são avós de Laura (21) e Pilar (15), filhos de Tino, e Antônio (10), filho de Kiara.

 
Maria Aparecida Batista e a filha Kiara administram um concorrido Centro de Beleza
Faustino faz questão de registrar:  "gosto da vida, de conversar, de ler. Leio bastante, desde os 12 anos de idade, e nunca deixei de ler até hoje". Ele comprou a atual casa, localizada na rua Carolina Teixeira dos Santos, no. 34, e ali reside há cerca de 18 anos. "Sempre vou a Madri, rever os parentes. Quando chego lá é tudo uma grande emoção por revê-los e aos amigos, mas, passado um mês, já fico com vontade de retornar a Bom Jesus do Itabapoana, ao meu cantinho, onde vivo com tranquilidade e paz. Aqui é o lugar que adotei para viver", assinala.

"El hogar" hispano-bonjesuense





 TINO MARCOS


Tino Marcos Baptista Fernandez, o famoso jornalista esportivo da TV Globo, nasceu em 1962 em Duque de Caxias, mas " foi praticamente criado aqui em Bom Jesus", registra Faustino, que o autorizava constantemente a viajar de ônibus. O Norte Fluminense publica, a seguir, as fotos da trajetória de vida de Tino Marcos.



Tino Marcos com 6 meses



Tino Marcos com 2 anos



Tino Marcos, com 4 anos, e os pais



Tino Marcos, 4o. a partir da esquerda, e os primos. A última, Virgínia, viria a ser sua esposa



Tino e Faustino em Sevilla, em 1967



Tino e os pais em Madri, em 1967



Três gerações: Antonio Ruiz, Faustino e Tino



Aniversário de Tino em Duque de Caxias



Tino Marcos com 7 anos

Tino Marcos antevendo o futuro


Tino Marcos e a irmã Kiara, em Jacarepaguá
Um episódio na vida de Tino Marcos foi revelado por Faustino: "Com 14 anos de idade, Tino chegou para mim e me convenceu que queria ser padre. Ele queira ir ao seminário. Eu disse, então, a ele:  'se é o que você quer, então vá em frente, mas não se precipite nas decisões que tomar'. Tempos depois, Tino acabou tomando outra opção".



"Mamãe, Tino Marcos, papai"


Tino Marcos com 18 anos




Tino Marcos fazendo a leitura na Igreja Matriz em Bom Jesus do Itabapoana


Tino casou-se em Bom Jesus do Norte com Virgínia Maria Baptista, filha de Orlando Baptista e Daura, casamento celebrado pelo padre alemão Afonso. "Uma das qualidades que mais admiro em Tino é sua humildade", exclama Faustino, com satisfação.



Casamento  com Virgínia em 1988

Faustino guarda consigo um telex de 1986 em que um dirigente da TV Globo elogiava o trabalho profissional de Tino Marcos, no início de sua carreira, revelando toda a potencialidade de quem se tornou um dos jornalistas esportivos mais conceituados do país.

Telex de 1986 elogiava o profissionalismo de Tino Marcos

1o. trabalho de Tino Marcos: Crônica no Jornal dos Sports


Tino Marcos: reconhecido nacionalmente, cobrindo a Copa do Mundo
Quando terminávamos a entrevista com Faustino, uma grande surpresa ocorre para o entrevistador: surge nada mais nada menos que o próprio Tino Marcos.

Ao adentrar na sala, Tino olha carinhosamente para  Faustino e diz, com a emoção própria dos filhos amorosos: "Oi, pai!". Faustino se vira, da cadeira onde estava, e com a tonalidade de pai orgulhoso, responde: "Oi, meu filho!"

Por trás de simples palavras, uma emoção singular.

A respeito do pai, Tino disse que "minha trajetória profissional, assim como o gosto pelo futebol, eu aprendi com meu pai, que me levava aos estádios e sempre me deu muita liberdade, apoiando-me em todas as circunstâncias".

Faustino interrompeu para acentuar que quando Tino decidira  ser jornalista, ele apoiou-o na decisão, embora considerasse que ele teria mais sucesso financeiro se seguisse o negócio da fábrica de móveis que administrava."Hoje, a situação é outra, e mostrou como ele estava certo em sua escolha", completou.

O repórter esportivo consagrado no Brasil, e cujas informações são passadas ao público convencendo a todos pela razão e objetividade do seu alto grau de profissionalismo, deu lugar, durante o encontro com seu pai, ao sentimento e à subjetividade.

Tino Marcos convence em qualquer circunstância e faz constatar que a integração hispano-bonjesuense dá lições ao mundo no sentido de que a realização humana e a felicidade inerente a ela nunca serão apenas um sonho.


        Faustino, Tino e Gino, de O Norte Fluminense, em Bom Jesus do Itabapoana: surpresa e emoção durante a entrevista

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