quinta-feira, 26 de setembro de 2013






EUA: “País rico é país com pobreza”

Luciano Rezende*

            Na contramão do Brasil - que em apenas uma década (nos governos Lula e Dilma) conseguiu retirar 36 milhões de brasileiros da linha de extrema pobreza -, os Estados Unidos da América, o maior império da história da humanidade, registra recorde no avanço da pobreza entre sua população. O número de pobres nos EUA alcançou a triste marca de 46,5 milhões de cidadãos em 2013. São as contradições intrínsecas do capitalismo que nem precisam ser espionadas, ou seja, são públicas e notórias.
           
            Importante lembrar que ao lançar o lema “País rico é país sem pobreza”, que nortearia o seu governo, a presidenta Dilma foi bastante criticada pela oposição, ridicularizando-a com o suposto paradoxo. Hoje os brasileiros percebem claramente a justeza desse slogan que muito mais que peça publicitária, simboliza o gigantesco esforço nacional em se combater as desigualdades sociais no Brasil.

            E é justamente isso o que atesta a Organização das Nações Unidas (ONU) em seus relatórios sobre o tema. De acordo com a ONU o Brasil está entre os 15 países que mais conseguiram reduzir o déficit no Índice de Desenvolvimento Humano (que avalia renda, educação e emprego), uma trajetória que o coloca no grupo de “alto desempenho” em desenvolvimento humano. As conclusões são do “Relatório de Desenvolvimento Humano 2013 – Ascensão do Sul: progresso humano num mundo diversificado”, lançado em março de 2013 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
           
            O relatório da ONU afirma que a classificação de “alto desempenho” foi dada aos países que: tiveram desenvolvimento humano significativo, pois, além de experimentar aumento do rendimento nacional, registram valores superiores à média nos indicadores de saúde e educação; reduziram o hiato necessário para alcançar o teto do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – igual a 1 –; e tiveram desempenho melhor em relação a seus pares – países que se encontravam em patamares semelhantes em 1990.
           
            A estratégia de política estrutural de longo prazo adotada pelo Brasil, com a universalização do bem-estar social, foco na redução das desigualdades e redução da pobreza, coloca o país em posição de destaque no Relatório deste ano, ao lado de outras nações em desenvolvimento como China e Índia. “A promoção da coesão e da integração sociais, um objetivo declarado nas estratégias de desenvolvimento de países como o Brasil, tem por base o manifesto impacto positivo que uma sociedade unificada tem sobre o desenvolvimento. As sociedades mais igualitárias tendem a produzir melhores resultados na maioria dos parâmetros relativos ao desenvolvimento humano", diz o Relatório.

            Em contrapartida, os Estados Unidos apresentam dados que impressionam negativamente. No seio do Império, quase 50 milhões de pessoas vivem na pobreza e o aumento das desigualdades sociais no país aumentou em 6,1% nas últimas duas décadas. Chama atenção também a porcentagem de estadunidenses que não têm cobertura médica privada e nem do governo: 15,6%. O valor do Índice de Gini americano, que mede a desigualdade, é o maior da série histórica no país do Tio Sam.

            Em meio a esse cenário, Barack Obama parece estar mais “preocupado” com a população síria, desviando as atenções da crise interna americana para outras partes do mundo, como pode ser evidenciando em seu discurso de ontem (24/04) na Assembleia Geral da ONU.

            A maior guerra a ser vencida pelo povo americano é contra um inimigo interno, o imperialismo estadunidense, que a despeito de promover o saqueio das nações e a pilhagem nos quatro cantos do mundo, é incapaz de abolir a pobreza interna entre os seus cidadãos.

 *Engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia e Doutor em Fitotecnia. Professor do Instituto Federal Fluminense

           

terça-feira, 17 de setembro de 2013



PROCESSOS JUDICIAIS, BOICOTE E DIVERGÊNCIA COM PREFEITURA. FIM DE ESPERANÇA PARA O HOSPITAL?

Prédio do Centro Popular Pró-Melhoramentos, onde funcionou a Casa das Meninas, que está alugado, teria sido penhorado e deve ser vendido para pagar dívida trabalhista do Hospital



Bloqueio de contas pela Justiça Trabalhista, penhora do prédio onde funcionou a Casa das Meninas, imóveis do Instituto de Menores Roberto Silveira caminhando para o mesmo destino, empresas processando o Hospital por dívidas passadas, débitos milionários relativos ao INSS e ao FGTS, cobrança de créditos consignados feitos, anteriormente, em nome dos funcionários, boicote à UTI, sob o argumento de incapacidade da equipe médica, inviabilizando a entrada de recursos que ajudariam no saneamento das contas do São Vicente, divergências com a Prefeitura Municipal que apontaria irregularidade técnica na prestação de contas, e, em razão disso, não teria repassado a última parcela de convênio, além de não assumir outras despesas que supostamente seriam de sua atribuição.




Hospital São Vicente de Paulo


 Observadores ouvidos pelo O Norte Fluminense consideram, em razão dos fatos apontados, que a crise financeira gestada em administrações do passado, aliada a outras forças que se opõem à atual direção, teriam colocado a  administração em uma encruzilhada e questionam, por isso, a possibilidade de se reeguer o Hospital neste quadro de "terra arrasada".







domingo, 15 de setembro de 2013





  4o. CIRCUITO CULTURAL FEZ HISTÓRIA POR ONDE PASSOU

O 4o. Circuito Cultural ocorreu, em Bom Jesus do Itabapoana, por ocasião das comemorações pelo 2o. aniversário do ECLB
                                                   


O 4o. Circuito Cultural Arte Entre Povos, que percorreu, a partir de Bom Jesus do Itabapoana, no dia 8 de agosto, cerca de 13 municipios dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, fez história por onde passou. Aqui mencionamos os seguinte registros:

1) 1o. Passeio Cultural de Bom Jesus do Itabapoana (RJ), ressaltando e valorizando o rico patrimônio cultural dos distritos, incluindo os seus 4 (quatro) Museus: a) Museu do ECLB; b) Museu da Imagem, em Pirapetinga de Bom Jesus; c) Museu da Associação de Calheiros; e d) Museu da Alcedina Decimoni, em Calheiros. Trata-se de uma constatação extraordinária para um município que possui  cerca de 35.400 habitantes e 598 km2.
ECLB, na sede do município
 

Museu da Imagem, no distrito de Pirapetinga de Bom Jesus
Casa da Cultura, no distrito de Calheiros, mantém Museu

Museu da Alcedina, no distrito de Calheiros, é mantido pela família Decimoni

2) Com o objetivo de divulgar os grandes escritores bonjesuenses e bonjesuístas, a Editora O Norte Fluminense lançou a Coleção Literatura Bonjesuense. O 1o. volume, "A seara de vento e o sacrifício inútil" do dr. Ayrthon Borges Seródio, foi lançado no ELCB no dia 09 de agosto. 
 

O segundo volume da Coleção será o livro "O Véu da Manhã", de Elcio Xavier, que será lançado no ECLB, em 2a. edição, no dia 16 de novembro, às 19h30min. Sobre Elcio Xavier, o crítico mineiro Lúcio Cardoso  o compara ao poeta modernista Augusto Frederico Schmidt:

"Algumas vezes, e de longe, lembra o Sr. Augusto Frederico Schmidt: - é que a compreensão da Poesia que o Sr. Elcio Xavier tem, assemelha-se à revelada pelo cantor da "Estrela Solitária". Para ambos, o poeta, destinado a uma missão superior, possui um caráter excepcional e divino"
  

 Capa da 1a. edição de O Véu da Manhã
 

 3) Idealização da Coleção Música Bonjesuense, cujo lançamento do primeiro álbum de cd deverá ocorrer no final do ano.
 
4) Fundação da Associação dos Amigos do Teatro Conchita de Moraes, na Usina Santa Maria, em Bom Jesus do Itabapoana (RJ). Trata-se de um patrimônio cultural construído na década de 1950 e que se encontra abandonado. A partir desta entidade, o prédio será reformado;
Diretoria da Associação dos Amigos do Teatro Cinema Conchita de Moraes

5) Criação do verbo "BONJESUIZAR-SE". Na noite das atividades culturais do dia 9 de agosto, no ECLB, o capixaba Tom Lourenço, realizador de cinema em novas mídias,
ao ser indagado por Gino Martins Borges Bastos a respeito de como se sentia em Bom Jesus do Itabapoana, respondeu: "Estou bonjesuizando-me". Criou, assim, no ambiente do ECLB, um neologismo, ou seja, o verbo "bonjesuizar-se".

Foto
Tom Lourenço criou o verbo "bonjesuizar-se"
 
6) Fundação do Centro Cultural Maria Beatriz Silva, em Laje do Muriaé (RJ), no qual constam o Espaço Portinari e o Espaço de Documentários Carlos Pronzato;
Centro Cultural Maria Beatriz
O cineasta Carlos Pronzato e a poeta Maria Beatriz

 

7) Fundação do Museu da Saudade, em Guaçuí (ES);
Museu da Saudade e seu idealizador João Bosco Cogo

 
8) Documentário sobre Rubem Braga, em Cachoeiro de Itapemirim (ES), que será lançado em dezembro;


Carlos Pronzato produziu documentário sobre Rubem Braga




 Além disso, o Circuito Cultural  contribuiu para o resgate de dois importantes episódios da História do Brasil:


a) GARRAFADAS DE LAJE DO MURIAÉ (RJ)
 
Um deles trata-se do episódio conhecido como "Garrafadas de Laje do Muriaé" (RJ), ocorrido no dia 16 de abril de 1889, em que cerca de 400 negros libertos e estimulados por escravocratas invadiram uma conferência republicana que ocorria com a presença de Nilo Peçanha.

 b) REPÚBLICA DE MANHUASSU (atual MANHUAÇU)

Outro fato histórico resgatado é o da proclamação da República de Manhuassu (MG), ocorrida no século XIX,  levada a efeito pelo Coronel Serafim Tibúrcio que, inconformado com a derrota na disputa para a reeleição para prefeito municipal, e alegando fraude, reuniu um contingente de 800 homens e proclamou a república independente do Brasil no dia 15 de maio de 1896. A independência levou 22 dias, sendo necessárias três intervenções federais para pôr fim ao levante.
 
O 4o. Circuito Cultural se consolida, portanto, como um evento de integração regional e formador de cultura.

 


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

 Da Série Entrevistas de O Norte Fluminense

A ALEGRIA DE SER VICENTINA



Maria Catarina da Silva Souza

Maria Catarina da Silva Souza nasceu no distrito da Serrinha no dia 18 de setembro de 1930, embora sua certidão de nascimento conste que ela nascera no ano de 1928.

O erro ocorreu pelo fato de seu pai, Moacir Modesto da Silva, não ter tido o costume de registrar em Cartório o nascimento dos filhos, mas apenas assinalar num caderno o dia do nascimento dos mesmos.

Segundo ela, após o falecimento de seu pai, ela acabou sendo registrada no Cartório do Nico Fragoso como se tivesse dois anos a mais.

Maria Catarina conta que seu pai tem descendência de italianos. "Meus avós paternos se chamavam João Modesto, que veio da Itália, e Zilda, enquanto meus avós paternos se chamavam Custódio Mendes e Catarina Mendes. Toda a minha família, por parte de mãe, é originária da Serrinha e de Matinha, lugarejo próximo da região", salienta.
 
Continua ela: "tive 10 irmãos, sendo dois falecidos: Jaci, Neuza, Joari, Ironete, Irizete, Ésio, Edson, Zulei e Edna. Jaci e Neuza já partiram".

Catarina com as irmãs Ironete e Irizete e, em pé, a nora Maria da Penha e a mãe desta, a aniversariante Ardir Ribeiro


Segundo Maria Catarina, "casei-me  com Antonio Martins de Souza, em 21/12/1951, e tive dois filhos: Moacir, que partiu aos 54 anos, por causa da diabetes, e Márcio Antonio".  

É com orgulho que ela fala dos netos Taís, Manuela, Clarissa e Tales, e do bisneto Pietro, com 2 anos de idade. E é com orgulho, ainda, que fala de sua trajetória de vida: "Saí pequena de Serrinha e fui morar em Carabuçu, na casa de Moacir, um fazendeiro. Estudei o primário na Escola Típica Rural de Carabuçu, e lá cursei a admissão.

Posteriormente, estudei Educação Física em Niterói (RJ) e fiz um curso de Atividades Rurais, que me habilitou para trabalhar em escolas rurais.




Depois, consegui uma subvenção da Prefeitura. Mas foi graças ao apoio de Nico Fragoso, que era escrivão de cartório, e de Alcebíades de Souza, que era subdelegado em Carabuçu, que consegui um cargo na Prefeitura e passei a dar aulas na escola da Serrinha em 1946. Nessa ocasião, o prefeito era Oliveiro Teixeira", assinala.



Maria Catarina (C) e alunos da escola da Serrinha, em foto de 1947



Escola da Serrinha, nos dias de hoje: prédio abandonado e movimento para torná-lo um Centro Cultural


Maria Catarina conta que "sempre gostei de ensinar crianças. Fiquei morando um tempo, na Serrinha, na casa de Manoel Nunes, irmão de Zico Nunes, uma vez que a casa da escola estava guardando café em coco, tendo se tornado uma espécie de armazém. A escola estava localizada na fazenda de Cebas Ananias, que morava em Santo Eduardo. Custódio Quintal era o administrador da fazenda. Posteriormente, fui morar na casa de Custódio".


Maria Catarina em foto de 1949


"Eu ia a cavalo, de Carabuçu para Serrinha, todo o início da semana, e retornava com o fim das aulas.
Dei até de médica na escola da Serrinha. Quando as crianças tinham diarréia, eu preparava um chá que aprendi com minha mãe. Outras professoras passaram pela Serrinha, antes de mim, mas eu fui a professora que mais tempo ficou por lá, por cerca de 5 anos. Por isso, tenho muitos afilhados na região. Até hoje, há ex-alunos que me reconhecem na rua, me abraçam e me cumprimentam".

Ela conta um fato pitoresco: "Ultimamente, por duas vezes, fui vítima de furto na rua, ocasião em que me levaram as bolsas. Eis que, certo dia, recebi um abraço de um homem que eu não conhecia e me preparei para dar bengaladas nele, pensando que era um outro assalto. Eis que, de repente, o homem exclama: 'você foi a minha primeira professora'. Eu fiquei desconcertada e deixei que o abraço se prolongasse", registra ela.

Com o casamento em 1951, Maria Catarina deixou Serrinha e foi trabalhar em Carabuçu, na Fazenda Liberdade, de propriedade de Nelson Motta. Em 1952, foi trabalhar na Escola Estadual da Usina Santa Isabel, pela Prefeitura Municipal.

"Depois, levaram-me para trabalhar na Biblioteca Municipal, na cidade, onde me aposentei. Daqui de Bom Jesus só saio para a 'Chiquita Menezes' ", nome dado à capela mortuária local.

LEMBRANÇAS

"Recordo-me que, certa vez, quando eu dava aulas na Serrinha, uni-me a alunos, e colocamos fogo nas bananeiras da propriedade de Custódio, para espantar as abelhas que ali ficavam, para pegarmos mel.

Lembro-me, ainda, de Osório, engenheiro das Escolas Rurais, que era amigo de Amaral Peixoto, e de Flora Arieti de Oliveira, diretora da Escola Rural Típica de Carabuçu.

Prefeito Jorge Assis, o inspetor de ensino Valter Fiori, Carlos Borges Garcia e Maria Catarina, na Prefeitura Municipal, em 1968


Recordo-me, ainda, de José Camilo, que veio de Itaperuna para Bom Jesus. José Camilo trabalhava como magarefe e meu marido, Antonio, levava os carros do matadouro.

Maria Catarina organizava os festejos de fim de ano, na Prefeitura. Entre os ouvintes, na foto, estava Osório Carneiro (3o. à esquerda), o fundador do jornal A Voz do Povo


Todas as manhãs, meu marido trazia José Camilo para tomar café em nossa casa. José Camilo tomava conta de meus filhos, quando estes iam para a rua. Eu e meu marido ficávamos tranquilos com os nossos filhos. Depois que Antonio partiu, José Carlos continua prestanto homenagem a Antonio, tomando café da manhã em minha casa.

Gostaria de salientar que meus filhos sempre chegavam na hora marcada. Infelizmente, hoje a criançada está do jeito que está, pois é proibido castigar os filhos. 


A MAIOR TRISTEZA


Os momentos mais tristes pelos quais passei, e que marcaram minha vida, decorreram da morte de meu filho Moacir e de meu esposo. Em relação ao meu filho, recordo-me que, certa vez, eu acordei , à noite, ouvindo gemidos dele, que dormia na 'cadeira do papai'. Fui até ele, que me disse: 'poxa, mãe, logo agora que eu consegui dormir a senhora me acorda'. Deixei-o dormir e retornei para minha cama. Observei, contudo, que os gemidos continuavam. Fui até meu filho Márcio e disse: 'leva seu irmão ao Hospital, agora'. Moacir ficou internado por 3 dias e faleceu, por diabetes", lembra com os olhos marejados.

 Maria Catarina criou, também, duas sobrinhas e diz: "Hoje, perdi a visão no olho direito e enxergo pouco com o olho esquerdo. Tenho problemas de saúde". Não obstante isso,  há 40 anos ela integra a Conferência São Vicente de Paula e salienta: "Ser vicentina é maravilhoso. Conheço todos os morros de Bom Jesus e me realizo cuidando dos meus pobres", exclama com emoção.


André Luiz de Oliveira: "Maria Catarina vive o que prega"

André Luiz de Oliveira, que é vicentino desde julho de 1992, atesta que "Maria Catarina é uma pessoa que vive o que prega. Ela sempre está à disposição das pessoas necessitadas e nunca diz 'não' aos assistidos pela Conferência. Ela sempre ensina que para ser vicentino tem de ter humildade, honestidade e simplicidade. Tenho aprendido muito com ela e com todos os confrades", ressalta.



Maria Catarina termina a entrevista deixando para as novas gerações a seguinte mensagem: "Amor e Verdade, pois observo que é difícil ajudar os que precisam com verdade, sem mentira", finaliza.


Maria Catarina: amor e verdade