domingo, 31 de maio de 2015


O LEGADO DE QUINCA BENTO EM ARRAIAL NOVO

Joaquim Rodrigues de Souza Campos, o Cel. Quinca Bento
 
Pedro Moura, genro de Joaquim Rodrigues de Souza Campos, o Coronel Quinca Bento ( ou "pai Quinca"), escreveu no verso da foto que inicia a matéria, tirada em 1960:

"Lembrança do saudoso amigo e prezado senhor Joaquim Rodrigues de Souza Campos (Quincas Bento). Há doze anos passados, quando foi esta fotografia tirada, aos 1960 mais ou menos. 3-3- 1972 por Pedro Moura, dedicado amigo".

Maria Celeste, neta de Quinca Bento, por outro lado, se refere a ele como "Pai Bento".

A figura de Joaquim Rodrigues possui esta tripla faceta: "Pai Quinca" para os familiares próximos, "amigo" para os que compartilhavam de sua convivência próxima, e "Coronel" para os demais.



Das seis filhas do Coronel com Antônia Leontina Glória, uma apenas é viva: Cecília Rodrigues Glória, com 92 anos de idade. Cecília foi professora da Escola Estadual Nilo Peçanha, época em que se utilizava a palmatória, que mantém até hoje em sua residência.

Há cerca de dois anos atrás, O NORTE FLUMINENSE realizou reportagem sobre a palmatória utilizada por Cecília, quando lecionou na mencionada escola. 

Um amigo da família colocou a matéria do jornal em um quadro e o presenteou à família. Este quadro está fixado, com orgulho, na parede de seu quarto.


Adentrar na casa da professora Cecília é como penetrar em um museu, ou em uma "catedralzinha", como lembra Carlota, sobrinha de Cecília e neta de Quinca Bento, recordando-se da opinião de um padre que visitou sua residência.

Mas não é só isso. É adentrar, ainda, em um dos legados do Coronel Quinca Bento.

Coronel Quinca Bento é como era conhecido Joaquim Rodrigues de Souza Campos, que teve seis irmãos: Maria, Dorcino, Valfredo, Eurides e Francisca, falecida em março do ano passado. Cecília é a única viva.

Quinca Bento casou-se com Antonia Leopoldina Glória e teve seis filhos:

Esio Oliveira Campos, neto de Quinca Bento, diz que "ele construiu a primeira Igreja e o cemitério de Arrial Novo. Com o apoio político de Zezé Borges, abriu estrada de Arraial Novo a Calheiros, comandando 40 trabalhadores. Além disso, resolvia os problemas de todos, como o de disputa de terras, levando as partes a um acordo. Naquela época de abandono total, ele, às vezes, tinha de agir como médico, colocando pala de bambu com gema de ovo em quem fraturasse braço ou perna. Ele era um grande líder político e, quando havia eleições, toda a vizinhança procurava para se orientar com ele, numa demonstração de fidelidade no voto", assinalou. 

Maria Celeste, neta de Quinca Bento, diz que seu avô foi considerado o grande líder da comunidade de Arraial Novo: "Pai Quinca pertencia à Liga Católica e ajudava nos cuidados da Igreja. Sua filha Francisca era a responsável pela Igreja. Na área social, dava apoio às pessoas desamparadas da região. Ele possuía um livro de primeiros cuidados de medicina e costumava enfaixar braços e pernas, de modo emergencial. Foi ele, também, quem comando a abertura de estradas, na região, na base da enxada, com o apoio político de Zezé Borges", assinalou.

 Segundo Carlota, irmã de Celeste,  Quinca Bento "gostava de registrar todos os fatos da família e da sociedade. Pai Quinca gostava de ferrar animais. Ajudava a todos que necessitavam e se alguém quebrava o braço, por exemplo, ele chegava até a enfaixá-lo, atuando como médico de emergência. Além disso, tinha muito autoridade. Muitas vezes, bastava um olhar para ser compreendido o que ele desejava. Quinca Bento era muito religioso. Chegou a mudar de casa, na propriedade, para ficar próximo à Igreja e dar assistência à mesma. Por ocasião da comemoração de seu aniversário, Zezé Borges e sua sobrinha predileta, Zilda, eram as primeiras pessoas convidadas a almoçar. A festa iniciava às 10 h e ia até a tarde do dia". 

Carlota se recorda, ainda, da avó Antônia: " Eu tinha 13 anos de idade quando passei a cuidar dela, que já estava adoentada. Mas sei que vovó costumava cozinhar muito, pois sua casa estava sempre cheia de gente".




Esio Oliveira Campos, neto do Coronel Quinca Bento, reside ao lado do Centro de Saúde que leva o nome do avô: perpetuação da memória do líder de Arraial Novo


Esio Oliveira Campos, filho de Valfredo Rodrigues de Campos e Rosalina Oliveira Campos, é neto do Coronel Quinca Bento. Segundo ele, Quinca Bento nasceu em Santa Clara, distrito de Porciúncula (RJ), enquanto sua avó. Antônia Leopoldina Glória. nasceu em Bom Jesus do Querendo, distrito de Natividade (RJ). Sobre seu avô, ele assinala: "Em sua época, todos votavam em quem ele mandava".

A palmatória que Cecília utilizava, quando professora, é uma das peças raras que guarnecem a residência, localizada atrás da Igreja São Sebastião.


Cecília é devota de Irmã Lúcia, que, juntamente com Francisco e Jacinta, viram Nossa Senhora de Fátima. quando crianças. Uma foto da Irmã Lúcia a acompanha em sua cama.



Outros objetos centenários guarnecem a casa: um toilete, um oratório, uma estátua de São Sebastião, entre outros móveis, documentos e inúmeras fotos históricas.

No oratório há uma imagem de São Sebastião, também centenária: " Tia Chiquinha disse que ela foi esculpida pelo pai de Belarmino, há mais de cem anos", registra Carlota, sem contudo, poder informar o nome do autor da mesma. "As  imagens de São Joaquim, de Santa Cecília e de Santo Antônio foram doadas pelo Padre Antônio Alves de Siqueira, levando-se em conta, respectivamente, os nomes de Quinca Bento, da vovó Antônia e de  Cecília. Pai Quinca Bento era devoto de São Joaquim", assinala.



Maria Celeste Fitaroni de Moura é sobrinha de Cecília, filha de Hely Fitaroni de Moura e Pedro Moura, e foi criada por "Pai Quinca Bento", como se fosse irmã de Cecília.

Cinco gerações


Cinco gerações: Antonia Leopoldina Glória Campos (84 anos, nascida em 2 de outubro de 1887, falecida em 26 de outubro de 1971), Eli, Maria Rodrigues Glória, nascida no dia 5 de maio de 1913, com 58 anos,  Gessy Glória Degli Esposti (sobrinha), com 40 anos, nascida no dia 14 de dezembro de 1931, Maria Eurides Degli Esposti, com 18 anos de idade, nascida em 26 de novembro de 1953 e trineto Marco Antonio, filho, no colo, nascida em 10 de setembro de 1971, com dois meses de idade, terceiro neto de Ntonia Glória Campos, e  sogra de Maria Eurides, Indeceulia Jove de Jesus, com 54 anos de idade, nascida em 17 de abril de 1917, conhecida como Úrsula.


Na residência, há fotos históricas de padres que atuaram na região, como Padre José Possidente, Padre Othon Deodato de Souza, Padre Elson Morucci, Padre Daniel (suíço) e os  Padres argentinos Anibal e Alejandro.

O Padre José Simões, em abril de 1924, dedicou uma foto ao casal Quinca Bento e Antonia Leopoldina. Ele foi padrinho de Dorcino, um dos filhos do casal.




Hely Fitaroni de Moura e as filhas Maria Celeste Fitaroni de Moura e Antonia Carlota Fitaroni de Moura, ao lado do oratório centenário



Cecília, a palmatória que utilizava quando era professora na Escola Estadual Nilo Peçanha, e a inseparável foto de Irmã Dulce




Cecília e alunos em 1972




Carlota Fitaroni, aluna de Cecília na Escola Nilo Peçanha, e seus colegas de turma em 13/12/1972




Cecília e alunos da Escola Nilo Peçanha, em foto de 1972


Matéria de O Norte Fluminense, sobre "A palmatória em Arraial Novo", de 2012, foi emoldurada em quadro, no quarto de Cecília












Igreja São Sebastião, em Arraial Novo


O principal legado do Coronel Quinca Bento não foi riqueza nem poder, mas moral e religioso.

Um comentário:

  1. Que emoção ver as fotos dessas pessoas queridas, que além de muito especiais, são principalmente tementes a DEUS! Assim como meu querido Bisavó Quinca, um homem forte, de bem e muito a frente para sua época. Agradeço muito pela linda e merecida homenagem ao nosso querido Quinca Bento!

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