sábado, 29 de agosto de 2015

Histórias Incríveis na Ponte do Araçá




Fazenda São João na localidade conhecida como Ponte do Araçá, em Ibitirama (ES)

Construída há cerca de 100 anos, a Fazenda São João, localizada em Ibitirama, sul do Espírito Santo, liga-se à rodovia principal através da Ponte José Gonçalves Ferreira, conhecida como Ponte do Araçá, que passa sobre o rio Norte, e dá nome à região.

Juraci Gonçalves Ferreira, o Nengo







Juraci Gonçalves Ferreira, conhecido como Nengo, é o proprietário que recebeu a fazenda por herança de seu pai, José Gonçalves Ferreira, que dá nome à ponte. Segundo ele, "José Olímpio foi quem construiu esta fazenda. Meu pai adquiriu-a e a reformou em 1955. Em 1978, a propriedade alcançava 400 alqueires de terra. Hoje, eu dividi a fazenda com meus filhos".

Ponte, conhecida como Ponte do Araçá, dá nome à região


Ponte José Gonçalves Ferreira


Juraci nasceu na própria fazenda no dia 08/10/1944. O nome da propriedade se deve ao córrego São João, que corta a propriedade. Sua mãe, Iriundina de Freitas Ferreira, é oriunda de Cataguases (MG). São 10 irmãos: Altamira, Antônio, Rita, Oliraci, Maria, Maria da Penha, Maria Joana, Maria Aparecida, Maria José e Luís Carlos. 

Nengo e o caçula João Ézio, no interior do casarão, com fotos da família

Nengo conta, com orgulho, que possui 33 (trinta e três) filhos. Suscitado a nomeá-los, aceitou o desafio: " Lembro-me o nome de quase todos, inclusive dos caçulas que nasceram dos meus relacionamentos. Com minha primeira mulher, Maria Aparecida Vieira, tive 8 filhos: Maria Luzia, Antonio Norberto, Rosângela, Rosa, Umbelo, José Maria, João Batista e Maria Aparecida.  Foram 7 com Sebastiana: José Devanete, Dejandira, Gilsimar, Maria José, Jânice, Rosilene e José Augusto. Com Lúcia, tive a Jéssica. Com Maria Aparecida, tive 5 filhos: Jucélia, Jucinéia, Jucilene, Licínio e João Wesley. Com Maria de Lourdes, tive Elineida, Maria e Ediana. Prefiro, contudo, não falar sobre os demais filhos, para não dar problema", salienta. 

Nengo solicitou uma foto na sacada



Sobre suas mulheres, ele relata: "quando eu assumia uma mulher, fazia questão de comprar uma propriedade para ela morar, mas eu nunca comentava com uma mulher sobre as outras. Eu costumava dizer que tinha de viajar, tomar conta do café, do curral, entre outras desculpas. Às vezes, uma morava cerca de 100km distante da outra. Todas as mulheres eram da zona rural e elas cuidavam da roça".

Continua ele: "Às vezes, eu comprava um móvel para uma de minhas mulheres, e a loja entregava na casa de outra mulher. Eu era então questionado, pois este móvel já existia na casa. Eu arranjava uma desculpa e respondia apenas que era minha vontade ter um outro móvel idêntico na casa".

Segundo Nengo, "além de criar meus filhos, criei seis irmãos pequenos, quando meu pai faleceu. Meu pai teve também várias mulheres e me dizia: 'Ter várias mulheres é fácil, a questão é saber se você vai ter condições de cuidar delas'. Criei também cerca de 14 filhos de colonos. Nunca dei tapa em ninguém, e tenho satisfação em saber que meus filhos nunca tiveram desavença entre si", diz com olhos lacrimejados. 

Nengo e a mercearia-bar-lanchonete


Nengo tem, contudo, um dissabor: "houve uma época em que eu passei a ser comerciante, vendendo propriedades e gado. Certo dia, quando saí de carro, dirigido por um motorista, dispararam dois tiros contra o veículo, e fui atingido na parte de trás da cabeça. Por sorte, não tive sequelas. Dias depois, dois homens apareceram na propriedade, e me perguntaram onde estaria Dengo. Eu disse que era irmão dele, e, depois, avisei à polícia, pois observei que estavam armados. Descobri que eles queriam me matar para ficar com a fazenda. Pouco tempo depois, um filho de criação pediu para conversar comigo. Abri a porta, conversamos e fui dormir. Assim que eu deitei, ele disparou seis tiros contra mim. Ele acertou apenas um disparo, que atingiu minha coluna. Meu filho Antônio Roberto ouviu os tiros e foi me acudir. Ao me ver deitado, ensanguentado, perguntou: '-Pai, como está?". Eu respondi: '-Estou bem, mas atirado!'.

Marca do tiro no assoalho do cômodo onde Nengo dormia


Prossegue Nengo: " Fiquei desenganado pelos médicos e cheguei a dizer os créditos e débitos que eu possuía. Fiquei em cadeira de rodas por cerca de dois meses e, depois, consegui ir me recuperando. Hoje, preciso de ajuda para andar. Sobre este triste episódio, contudo, prefiro me calar, e decidi levar este fato para o cemitério, porque não quero deixar nenhum problema para meus filhos. Fiquei sabendo, depois, que o atirador teria sido morto".

Dengo, João Ézio e as mudas de plantas nativas que vende para a região


Nengo, João Ézio e as mudas de flores


Nengo tem orgulho de suas mudas de plantas nativas e de flores, que vende para a região. Dedica-se, ainda, à mercearia-bar-lanchonete a que deu o nome de Bar de João Ézio, nome de um de seus filhos caçulas.

João Augusto, filho de Dengo, produz blocos para construção  

Outro filho, José Augusto, fabrica, na propriedade, blocos para construção de casas há cerca de um ano. "Estou trabalhando para crescer cada vez mais", salienta. Quanto aos problemas financeiros, diz que "entendo que sente a crise quem mexe com banco. Eu só lido com dinheiro, tanto para comprar como para receber. Por este motivo, não sinto os efeitos da falada crise", registra.

Interior da Capela de São João Batista, na Ponte do Araçá, com os líderes da comunidade

Entre os dias 26, 27 e 28 de agosto, ocorreu, na Capela de São João Batista, localizada na Ponte do Araçá, o tríduo e, hoje, é o dia de festa em honra ao santo.

A Capela se desponta no alto do morro da Ponte de Araçá, e é como se renovasse para todos, a cada momento, o chamamento à consagração e à pureza do coração preconizado pelo santo.


A Capela de São João Batista se desponta no alto do morro da Ponte do Araçá























































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