quarta-feira, 11 de maio de 2016

RESUMO DA VIDA DE PADRE MELLO




Gino Martins Borges Bastos




         No dia 27 de abril de 2016, foram comemorados os 153 anos de nascimento do Padre Antônio Francisco de Mello, o nosso Padre Mello. O escritor bonjesuense Delton de Mattos, Doutor em Letras, ex-professor da USP (Universidade de São Paulo), da Universidade de Heidelberg (Alemanha) e da Universidade de Brasília, assinalou no livro "Padre Mello, Prosa e Verso", que o pároco foi "um gênio da civilização e da cultura".
         Conhecer a vida e a obra de Padre Mello é conhecer um pouco de nós mesmos, pois ele marcou profundamente nossa cultura.
         Nasceu no dia 27 de abril de 1863, na localidade de Achada Grande, ilha de São Miguel, Arquipélago de Açores, Portugal. Estudou no seminário da ilha Terceira, sendo ordenado no dia 24 de agosto de 1888. Na ilha de São Miguel, publicou livros e escrevia para jornal. Veio para o Brasil em 1895, onde foi vigário em Sapucaia (RJ). No dia 18 de junho de 1899, veio para Bom Jesus do Itabapoana, juntamente com sua irmã, Margarida Mello, e uma amiga da família, dona Cândida, mulher de posses, que o ajudou em seus estudos. Viveu aqui por quase meio século, falecendo às 13h 30min do dia 13 de agosto de 1947.
         Padre Mello foi escritor, poeta, redator dos jornais, "A Paróquia", "O Norte" e "Meu Campinho", além de ser o responsável pelos registros de propriedades em nossa região. Foi também músico e compositor, sendo o autor do hino  do antigo Colégio Rio Branco, do qual foi professor. Além disso, era conhecedor de técnicas de engenharia, tendo construído a parte externa da majestosa Igreja Matriz da Paróquia Senhor Bom Jesus, fixando em nossa praça principal todo o esplendor arquitetônico português, além de orientar na construção de prédios e estradas. Possuía conhecimento dos métodos de plantação de café, razão pela qual promoveu a orientação no cultivo do mesmo. Foi, ainda, ativista político na luta pela segunda emancipação de nosso município, ocorrida em /01/1939.
          Ruth Fragoso de Azevedo Silveira, batizada por Padre Mello, afirmou sobre o vigário: "era apaixonado pela Festa de Agosto, ocasião em que a Igreja distribuía alimentos aos pobres. Era frequentador do lar de meus avós, Antônio de Azevedo Malta, português, e dona Terezinha. Padre Mello fez voto de pobreza. Seus pertences eram doadas por amigos. Sua irmã, conhecida como Mariquinha e dona Cândida costumavam fazer um delicioso pão caseiro que era muito apreciado por ele. Além disso, todas os dias, por volta das 15h, elas também vendiam o pão para ajudar na construção da Igreja e manter os serviços da mesma. Por este motivo, o alimento passou a ser chamado de Pão do Padre. A partir de certa época, ele foi morar em um pequeno quarto localizado ao lado da Igreja Matriz. Foi ali que ele faleceu, na mais absoluta pobreza".
          O poeta bonjesuense Elcio Xavier, que foi coroinha da Igreja na época de Padre Mello, testemunhou em seu livro de memórias, que o pároco era "pleno de saber e amor".
          O escritor bonjesuense Octacílio de Aquino escreveu, em 1942,  que, certa vez, uma criança dissera a seus pais "- O que eu quero é estudar para Padre Mello", o que indica a grande influência que o pároco português exercia sobre as novas gerações de então. Conhecer a vida e a obra de Padre Mello constitui, também, um estímulo sempre atual para imitá-lo.
         A Editora O Norte Fluminense, fundada por Luciano Bastos, editou o livro "OBRAS SELECIONADAS DE PADRE MELLO", no dia 7 de agosto de 2015, contribuindo para o resgate da vida e obra de Padre Mello. 




          Por outro lado, o advogado Sebastião Freire Rodrigues lançou, no dia 3 de outubro do mesmo ano, dentro da coleção "Páginas Memoráveis de Bom Jesus do Itabapoana", o livro "PADRE MELLO, PROSA E VERSOS", editado por Delton de Mattos, outra obra que permite aos bonjesuenses terem uma noção da grandeza do pároco português, assim como sua importância para Bom Jesus do Itabapoana.




            Segue um dos famosos sonetos de Padre Mello.


CARROS DE BOIS

Por caminhos da roça tortuosos
estreitos e cavados, vão passando
velhos carros de bois, estes cantando
aqueles em gemidos lamentosos.

Mas sendo iguais e todos preciosos
os frutos da terra vão levando,
e se o destino igual os vai guiando,
por que vão cantando e outros chorosos?

Que diga o coração da humana raça
quão variadamente ele palpita
se é varia a onda que por ele passa.


De dores e de alegrias no transporte,
tal como carro, canta, chora, grita,

conforme o aperto dos cocões da sorte. 






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