segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

TROVAS PARA VÓS - II




A viúva anda chorosa, 
de luto o ano inteiro, 
altiva, e tão formosa, 
beija o jovem coveiro. 


Policarpo é audaz, 
aprumado, um rapagão, ,
no quarto, quer só rapaz, 
rapariga? Não quer não!


Estes e mais versos faço, 
para vós, recordação, 
abraço, é como laço,
se dado com emoção! 


Jamais foi o meu desejo, 
o amor, cedo no céu, 
outro, tanto, tanto beijo,
e não quero não, seja meu


Sou trovador, quem diria 
este meu dom, levo a sério, 
faço trovas, dia a dia, 
para meus males, um remédio! 


Água, na bilha de barro 
mata a sede, a quem a tem, 
apaga também o cigarro,
que mata, sem saber quem. 


Se bem canta, tanto encanta,
do meu canto, sou feliz,
canto, não dói a garganta,
por bem cantar, pedem bis!

Se alguém, ao Deus dará,
sem rumo, nunca alerta
nunca teve, nem terá,
a sua morada certa.

Cama de ferro rangia,
o velhote: o Quim Bento,
espiava, e tremia...
noivos, após casamento.

As águas do rio Arunca
passam em Soure e, ligeiras,
espiava, não esqueço, nunca,
as pernas das lavadeiras.

Penas da vida, sentidas,
alojadas em corações,
bem lindas, por coloridas,
penas, dos tantos pavões!

Julgo, é meu pensamento,
da leitura, a canseira,
pior seria, ao momento,
roubar a vossa carteira!


José Pais de Moura 

Dezembro/2016 
(vila de Soure, minha terra natal, Arunca deságua em Coimbra,
no rio Mondego -- Soure, cidade da
da Ilha de Marajó – Brasil. Aqui, bastantes búfalos)













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