segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A VIDA MUSICAL DE LEVY XAVIER


                                       Elcio Xavier


Levy Xavier


         Levy de Aquino Xavier, filho de Samuel e Baldina, neto dos irmãos Carlos e Júlio, foi o grande herdeiro dos dotes musicais da Família Xavier, cujos descendentes sempre se sobressaíram com brilhantismo na arte de APOLO, dentre os quais, de passagem, podemos incluir Júlio de Aquino Xavier, o filho, excepcional músico, grande maestro; Samuel e seu bombardino,; Baldina, jovem pianista que a dura labuta doméstica impediu seu progresso musical; Candoca, o preferido dos maestros com quem tocou, Euclides e Juvenal, seus irmãos; Homero e Bininho, irmãos de Levy, e seus sucessores, entre os quais se sobressaem Samuel Cerqueira Xavier e o sobrinho de Samuel,  Arthur, de apenas 15 anos e já primeiro trompetista da banda de música de Lage de Muriaé.
         Levy, o artista, por desmesurado amor à sua cidade natal, Bom Jesus, preferiu a vida provinciana às glórias de uma promissora carreira na cidade grande. Defendia seus ideais de maneira quase radical, com veemência, o que lhe ocasionou muitas decepções. Era de uma lealdade pura aos seus princípios e aos seus amigos, e seu coração sempre esteve repleto de amor e esperança. Um grande filho e um extremado pai, foram qualidades marcantes em Levy.
         Falemos dele como músico:
       Em 1920, aos 15 anos de idade, iniciou seus estudos musicais em Bom Jesus com o maestro Muylart. Como esse professor não era muito assíduo às aulas, pouco aproveitou na aprendizagem. Em 1921, conheceu um músico campista, Nilo Constantino da Silva, que reconhecendo sua aptidão nata para a música, ofereceu ensinar-lhe, sob a seguinte condição: “todo aquele que perder uma aula terá de pagar uma multa de mil réis, tanto o aluno como o professor.” Levy passou rápido pela Artinha e o solfejo, cumprindo cinquenta lições em noventa dias, incorporando-se à banda de música local como primeiro trompete.
         No ano de 1923 viajou para Juiz de Fora, quando se inscreveu na Academia de Comércio daquela cidade, e passou a integrante da banda escolar como pistonista. Infelizmente adoeceu e regressou à Bom Jesus. Após seu regresso passou a fazer parte da 1ª Orquestra Bonjesuense, sob a direção do maestro Leopoldo, e participou nos anos de 1923 e 1924, das bandas de música organizadas para abrilhantar as festas locais.
         Em 1925, o maestro Leopoldo não quis organizar a banda para os festejos do mês de maio, alegando que o povo não valorizava música e não se criava uma corporação musical permanente. Diante da recusa do maestro, a comissão dos festeiros saiu batendo à porta dos músicos mais velhos, implorando que não deixassem o mês de maio sem música, mas não conseguiu comovê-los. Foram, então, ao jovem Levy Xavier que ficou surpreso com tal proposta recusando-a também. A pressão continuou, e ele acabou concordando em liderar um grupo o qual, por ter sido criado em maio, recebeu o nome de “FLOR DE MAIO”, indicação do Padre Melo. Este grupo durou apenas um ano porque os instrumentos eram emprestados e uma nova banda estava em organização na vila. Era a LIRA FUTURISTA, fundada em 1926, tendo como regente o maestro Leopoldo Muyart, que obteve grande sucesso até agosto de 1926. Após a Festa de Agosto, tendo o maestro adoecido e necessitando procurar recursos médicos na cidade de Campos, chamou Levy e lhe fez a seguinte proposta: - “Toma conta da minha orquestra no Cinema Bom Jesus e mantém a banda em atividade. Se eu voltar, hei de ensinar-te tudo o que sei e, se eu morrer, lá da eternidade eu te ajudarei.” Leopoldo morreu e seu sucessor veio de Campos: maestro Baetinha, competentíssimo, porém irrequieto, sendo logo substituído pelo maestro Clóvis Brandão. Durante todo esse tempo Levy foi o 1º trompete, e nas folgas ia tocar em Rosal, Calçado, São Pedro e Santo Eduardo, onde sua presença era exigida por ser reconhecido como grande músico.
         Há um fato de grande realce na vida do nosso homenageado: Em 1925 deu seus primeiros passos como regente de banda, na cidade de São Pedro. Em 1928 ajudou a organizar as bandas de música de Boa Vista (Apiacá): Lira Santo Antônio e Lira Boa Vistense. Em 1929, organizou uma festa em Santa Angélica, a qual dizia ter-lhe dado muito trabalho e despesa, por ser uma festa cívica, 7 de Setembro, cabendo-lhe ensinar às crianças a marchar para o grande desfile militar, além de tê-las vestido de branco com um laço de fita verde e amarela no braço. Em setembro do mesmo ano foi chamado a Santo Eduardo para dirigir a banda local a qual atravessava uma fase difícil. Reorganizou essa banda e em um ano e meio ela se tornou referência em qualidade, na região.
         Em 1931, por necessidade financeira resolveu montar uma casa comercial em Mutum, logradouro às margens da rodovia Bom Jesus - Campos. Uma tarde enquanto executava em seu trompete, um trecho da Ópera “O Guarani”, passou de automóvel pela estrada o usineiro José Carlos Silveira Pinto. Ao ouvi-lo, parou o carro e foi ao seu encontro propondo-lhe organizar uma banda de música em sua usina. Levy fechou sua venda, para a qual não tinha muita aptidão, e foi para Santa Maria. Ali, em noventa dias, colocou na rua uma corporação musical brilhante, segundo diversas opiniões, quando ela desfilou garbosa pelas ruas de Bom Jesus. Por motivo de saúde foi forçado a deixar Santa Maria 18 meses após sua mudança para aquela usina, regressando à Bom Jesus. Mas a música em sua vida era mais forte que as condições físicas e, julgando-se curado, organizou em 1933 o Jazz Sorriso, que abrilhantou os bailes bonjesuenses até 1938, sobretudo os inesquecíveis carnavais de nossa terra.
         Finalmente teve que ceder à precariedade física: seu coração impedia os esforços que seu instrumento exigia do corpo. Recolhido à família, dedilhava sempre que podia seu violão, cantarolando suas composições musicais, cujo acervo vasto e valioso, está sob a guarda de seus filhos.
         Encerrou seus dias como um eterno sonhador e os anjos no céu devem tê-lo recebido com um majestoso coro de trombetas.
         Levy Xavier nasceu no dia 16 de junho de 1904 e faleceu no dia 23 de março de 1970.

NOTA: homenagem prestada a Levy Xavier, por seu sobrinho Elcio Xavier, durante o 1º Encontro da Família Xavier realizado em setembro de 2000, na cidade de Bom Jesus do Itabapoana (RJ).


         
Banda de Levy Xavier


                                LEVY DE AQUINO XAVIER  (1904 – 1970)


Nascido em 16/06/1904  em Jardim 
Falecido em 23/03/1970 em Bom Jesus do Itabapoana - RJ 

Casado com:  Inah Caldeira 

Teve 3 filhos: 
         
- Maria José Caldeira Xavier   2 filhos 
     Casada com: Egon Alberto Buhlmann 

Egon Alberto Buhlmann Junior 
            Casado com:   Marcele 
- Gustavo Alberto Xavier Buhlmann 
            Casado com:  Luiza de Almeida 

- Samuel Caldeira Xavier   1 filho 
         Casado com: Regina Célia Ferreira 

Jefferson Ferreira Xavier   1 filho 
            Casado com:  Kelly Jacomini                         
               - Bryan 

Lenice Caldeira Xavier – 2 filhas 
         Casada com: José Roberto de Almeida 

- Marcela Xavier de Almeida   2 filhos 
Casada com: Wilton Soares Mesquita dos Santos 
               - Barbara Xavier Soares Mesquita dos Santos 
               - Raul Xavier Soares Mesquita dos Santos 

- Roberta Xavier de Almeida 





Levy Xavier no Bloco de Carnaval


Levy Xavier e família


Inah Caldeira Xavier


Foto da família em 2013, por ocasião do Natal

Aniversário de 90 anos de Inah Caldeira Xavier, em 2015

Acervo: Elcio Xavier



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