quarta-feira, 15 de novembro de 2017

FESTA DO CRISTO REI : dia 26 de novembro


Há 83 anos, a imagem de Cristo Rei foi levada por Padre Mello à Capela no Monte Calvário


A festa de Cristo Rei foi criada pelo Papa Pio XI em 1925 e era celebrada no último domingo de outubro.

Em Bom Jesus do Itabapoana, a festa ocorrerá no próximo dia 26 de novembro, sendo antecedida pelo Tríduo, entre os dias 23 e 25. 

Esta festa tem contornos históricos em nosso município. Há 83 anos, mais precisamente no dia 4 de fevereiro de 1934, Padre Mello levou a imagem de Cristo Rei para a Capela que leva seu nome, no Monte Calvário.

A solenidade foi grandiosa, como revelam as matérias publicadas a seguir, no jornal A Voz do Povo.

As bandeiras pontifícia, brasileira, portuguesa, italiana, alemã, espanhola e libanesa tremulavam ao lado de um arco triunfal, sob o som da banda Nova Aurora, ocasião em que ocorreu uma salva de 12 tiros.

Vejam, a seguir, as matérias.



A VOZ DO POVO - 10 de fevereiro de 1934

A FESTA DO CHRISTO REI

Acompanhada de numerosa procissão a imagem do Redentor foi conduzida ao Monte Calvário.

 O dia 4, domingo, foi um dia cheio para o nosso povo católico.

Se o programa elaborado pelo nosso Ver. Vigário era uma promessa os fatos se realizaram.

Das 9 para as 10 horas Associações religiosas presididas por seu Diretor com a cruz à frente e uma cauda enorme de fiéis dirigiram-se para o local onde se achava a linda imagem do Cristo Rei e aguardando a benção. Era na esquina chanfrada do belo sobrado do sr. Altivo Casemiro, que fizera a oferta da imagem e concorrera com as despesas por ela ocasionadas na importância de mais de quinhentos mil réis, conforme nos informaram. Feita a bênção, com solenidade, o sr. Padre Mello, anunciou que a imagem desde aquela momento se achava habilitada para o culto público e justificou bem expressivamente o uso das imagens, insistindo que elas não são ídolos, que a Igreja Católica, começava por obstruir os ídolos pagãos, não em seus altares ou peanhas mas nas almas dos convertidos.
  
Após a instrutiva alocução foi tirada uma fotografia da imagem, que logo em seguida foi transportada para a Igreja Matriz em um andor especial em forma de trono, artisticamente executado pelo sr. Alberto Terreni.

A banda de música Nova Aurora fazia-se ouvir em meio da procissão.

Em seguida foi cantada a Missa das 10 horas em homenagem ao Cristo Rei.

                                                                    ***
Às cinco horas e meia estava organizada a Procissão. Um só andor que era um verdadeiro trono, o de Cristo Rei.

Estandartes em profusão, distribuídos pelo centro das duas alas do Apostolado, da Pia União, do Círculo de S. Luiz e da Liga Católica. No fundo o trono ambulante e a Nova Aurora dando a cadência ao enorme cortejo.

A entrada do Monte Calvário estava assinalada por um arco triunfal em que flutuavam ao lado da bandeira pontifícia as bandeiras nacional, portuguesa, italiana, alemã, espanhola e libanesa.

A enorme cauda do povo que acompanhava atrás da Procissão ainda se acotovelava entre as colunas do Arco e já a frente se achava no alto do Monte Calvário. Era um belo e estranho espetáculo!

Quando a imagem entrou no terraplano do Santuário estrondou uma salva de 12 tiros. A imagem, apeada do belo trono, foi transportada para o seu nicho preparado no altar com elegância, em cimento. Antonio Pinto Figueira o fizera com aquele estilo que lhe é peculiar.

Em seguida foram executados pela Nova Aurora o hino nacional e o hino pontifício, cujas harmonias entrelaçadas simbolizavam a união da fé católica com a alma brasileira.

Logo que expiraram os últimos sons naquela atmosfera fresca meio assombreada pela aproximação da noite o Rev. Padre Mello, de pé sobre o último degrau do alto cruzeiro, irrompeu em um improviso que transpirava fé, entusiasmo e contentamento.

            “Sinto não possuir neste momento aquele mesmo poder de Josué para mandar parar o sol que já se esconde por detrás das montanhas. Gozaríeis assim mais longos minutos as delícias desta montanha, e eu teria mais tempo para expandir as ideias que me surgem em torno da primeira Carta do Papa sobre o estado mórbido da sociedade atual”.

            Assim começou o longo e interessante discurso cuja conclusão foi a necessidade de ser conhecida e acatada a realeza de Cristo.

As últimas palavras do sr. Padre Mello foram um pedido. (continua)




A VOZ DO POVO - 24 de fevereiro de 1934


AINDA A FESTA DO CRISTO REI

        A bela imagem conduzida ao Monte Calvário, naquele dia, foi oferecida pelo sr. Altivo Casemiro de Campos, que sempre se revelou um grande amigo de Bom Jesus.

Perdura na memória de todos os bonjesuenses a brilhante festa do Cristo Rei, quando a sua imagem foi transladada da residência do sr. Altivo Casemiro de Campos para a Igreja Matriz, e desta ao Monte Calvário em cujo cimo está sendo erguido o seu templo.
            
Ainda a alma católica de Bom Jesus sente os eflúvios daquela tarde magnífica de 11 deste mês, em que, debaixo de hinos e cânticos, ungido pela fé, conduzido entre preces, ascendeu o Cristo Rei ao seu trono no Santuário que o gênio e o carinho do Padre Mello arquitetaram com a solidariedade do nosso povo.

            Ao descrevermos a festividade, tivemos ocasião de enaltecer a valiosa dádiva do honrado negociante desta praça, sr. Altivo Casemiro.

            Hoje, estampa esta folha alguns aspectos colhidos durante as solenidades e nos quais se pode aquilatar da pompa de que se revestiram. Ao faze-lo, mostramos a priori,a religiosidade do nosso povo e ao mesmo tempo encarecemos o espírito de benemerência do cidadão que, em boa hora, veio ao encontro dos desejos do nosso reverendíssimo vigário, ofertando a imagem para o novo culto.

             O gesto nobilitante do Sr. Altivo Casemiro não causou, porém, surpresa a Bom Jesus, que já se acostumou a ver o nome desse seu digno filho ligado a todas as iniciativas altruisticas, a concorrer com o seu incentivo para que medrem e cresçam todas as boas idéias lançadas nesse abençoado rincão da terra fluminense, em que habitamos.

            De fato, raras vezes se encontram  cidadãos tão afeitos à prática de ações meritórias como aquele a quem estamos aludindo nesta nota. A pobreza da nossa cidade deve-lhe inúmeros benefícios: o nosso hospital quase diariamente recebe provas das qualidades caritativas do seu espírito.

            E esse benemérito cavalheiro, excessivamente modesto, não gosta de fazer alarde das boas ações que pratica, seguindo, deste modo, à regra, o preceito divino que diz dever-se fazer o bem sem olhar a quem.

            Costuma-se dizer que os cometimentos humanos são transitórios; mas o belo gesto do Sr. Altivo Casemiro ficará eternamente a lembrar-lhe o nome através a posteridade.

            E, lá do cimo do Monte Calvário, dominando as água, as terras e os horizontes, o Cristo Rei velará pelo povo que, cá em baixo na luta anônima de cada dia, se eleva pelo Trabalho, pela Perseverança e pela Fé, para um destino melhor.


Dia 11 de fevereiro de 1934 - bênção da imagem na casa do sr. Altivo Casemiro de Campos e transportada para a Igreja em um andor especial em forma de trono, artisticamente executado pelo sr. Alberto Terreni. A banda de música Nova Aurora fazia-se ouvir em meio da procissão. Em seguida foi cantada a Missa das 10 horas em homenagem ao Cristo Rei. (...) Às cinco horas e meia estava organizada a Procissão.

(...) Ainda a alma católica de Bom Jesus sente os eflúvios daquela tarde magnífica de 11 deste mês, em que, debaixo de hinos e cânticos, ungido pela fé, conduzido entre preces, ascendeu o Cristo Rei ao seu trono no Santuário que o gênio e o carinho do Padre Mello arquitetaram com a solidariedade do nosso povo.


Imagem de Nossa Senhora de Fátima foi levada para a Capela em 1942

Populares lembram que a reforma do altar teve colaboração decisiva de Maria Isabel Fragoso de Oliveira, filha de Antonio Tinoco, o primeiro presidente da Câmara Municipal após a nossa segunda emancipação



O casal Carlos Magno Santana de Souza e Marlene de Oliveira  Lopes Santana coordena a Capela Cristo Rei


Comunidade irá pleitear ao prefeito Roberto Tatu a construção da Praça dos Açores, em homenagem aos açorianos que se estabeleceram em Bom Jesus do Itabapoana, entre os quais, Padre Mello
O historiador Antonio Soares Borges e Marlene Santana, uma das coordenadoras da Capela Cristo Rei

Foto antiga da Capela Cristo Rei


A emblemática Capela Cristo Rei, no Monte do Calvário




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