sexta-feira, 11 de maio de 2018

HOJE, O ESCRITOR NORBERTO SERÓDIO BOECHAT COMPLETA MAIS UM ANO DE VIDA


       Norberto Seródio Boechat, um dos maiores escritores do país, fez aniversário no dia 12 de maio.  Nascido em sua querida Pirapetinga de Bom Jesus, distrito de Bom Jesus do Itabapoana, integra o PEN (Poesia, Ensaio ou Narrativa) Clube, uma associação mundial de escritores, fundado em Londres, em 1923,  e que congrega cultores da palavra escrita e falada em 150 centros no mundo.  Sua posse como membro efetivo ocorreu no dia 27 de novembro de 2016.


          No Brasil, a entidade surgiu no dia 2 de abril de 1936 e, atualmente, conta, entre seus membros, Nélida Piñon, da Academia Brasileira de Letras.



 Norberto Seródio Boechat: um dos grandes escritores do país

  

         Um dos livros mais festejados de Norberto é "Lembranças de Escritas".




       A respeito desta obra, Dalma Nascimento, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada (UFRJ), salienta que " o médico-escritor Norberto Serôdio Boechat foi recolhendo rios de memórias ficcionalizadas nas páginas descritas destas Lembranças de escritas, onde pulsa a vida, mas também lateja o coração."

               Olívia Barradas, doutora e professora de Literatura Comparada, Semiótica e Teoria Literária, ex-professora de Literatura Brasileira da Universidade de Paris IIIsalientou, por sua vez:     " Parafraseando o médico baiano Clementino Fraga ao afirmar que 'Medicina é Ciência e também Arte', Norberto Seródio Boechat alia a ciência médica à linguagem artística, despertando com estas Lembranças de escritas a emoção no leitor".

         Eliana Bueno Ribeiro, doutora em Ciência da Literatura, pela UFRJ, com pós-doutorado em Literatura Comparada pela Universidade de Paris III, e editora da revista Passages de Paris, salientou, sobre a obra: "Mais feliz, este menino-interiorano-médico-da-cidade chega ao dia da narração. Mais que histórias estruturadas temos aqui cenários e personagens como ínidices de momentos, índices de um tempo e da passagem do tempo. Farpas de madeira que seguem a correnteza e servem como roteiros para que cada leitor viaje até sua própria infância e reencontre os coadjuvanets de sua história particular".




          O editor Muro Carreiro Nolasco ressaltou, por sua vez: " As situações aqui registradas nos emocionam, e trocamos de lugar com o pensador ao tentar entender o correr do tempo e as mutações. O autor e os personagens a desfilar histórias... O livro leva a pensar, comove e encanta".

        Além de ser considerado uma obra-prima, a capa da obra reproduz aquarela criada pela premiada artista plástica paulista Veronica Debellian Accetta. 






           Outro livro de grande repercussão foi Estradas, lançado em 2ª edição, pela editora Pathenon.




          Segundo Dalma Braune Portugal do Nascimento, Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), especialista em Idade Média e autora de diversos livros consagrados, "Norberto Seródio Boechat mergulhou na lonjura de suas origens do vilarejo de Pirapetinga, para tentar iluminar, através de sua bem urdida escrita, o dramático episódio de um assassinato em sua região".

          De acordo com a mestra, "sensível humanista aos sentimentos trágicos do mundo na esteira filosófica de Miguel Unamuno, Norberto Boechat segue de perto o preceito do pensador latino Terêncio, ao julgar que, por ser homem, nada do humano lhe seja indiferente".

         E prossegue: "com sugestões poéticas, Boechat tangencia estados humanos, demasiadamente humanos...nos quais instintos bestiais afloram, a vingança manifesta-se inclemente e elementos corpóreos e incorpóreos, barbárie e civilização se misturam", concluindo: "ao narrar, em verticalidade, os enigmas da terra natal, Boechat atingiu a essência do universal".

        Norberto Seródio Boechat lançou, além deste romance, os livros "ME DÊ A MÃO" (contos), "MEMÓRIAS NATALINAS" (contos) e "LEMBRANÇAS DE ESCRITAS" (contos), sendo considerado um dos gênios de nossa literatura, seguindo as melhores tradições bonjesuenses.

       Norberto  mantém, ainda, com o apoio de sua irmã, Maria Lúcia Seródio Boechat, o precioso Museu da Imagem, localizado em Pirapetinga de Bom Jesus. 


 Museu da Imagem tem como diretora  Maria Lúcia Seródio Boechat



Peças raras da época escravocrata compõem o acervo da entidade


Roda d'água em ambiente paradisíaco em Pirapetinga de Bom Jesus


           Segue uma crônica aclamada do livro "Lembranças de Escritas".


A ETERNA AUSENTE

           

     Década de 50.
     Oito anos.     
     Estrada Bom Jesus - Vargem Alegre.
     Ao voltarmos da cidade, lá estava a menina na cerca de sua casa, à espera. Diminuíamos a velocidade para vê-la, infalível, pendurada no cercado do quintal. Segurava-se com a mão direita e acenava a esquerda.
  Loura e branquinha. Muito bonita. Impossível saber de onde vieram as marcas arianas na garota pobre do barraco beirando a estrada. Não entendo, também, por que em nenhum momento paramos, por que não correspondemos num gesto o amor transmitido ao acenar. Creio que em seu reduzido universo, a busca do momento a impregnava, tornando-a parte de outras vidas, outras pessoas, do mundo que, então, se desfilava na via solitária. Ansiava, talvez, por um afeto, um toque junto ao coração.
   É provável fosse filha única. Nunca vimos outra criança ao redor. O que teria sido sua vida entre adultos? Que mundo encerraria o interior da cabana? Como os pais estariam contribuindo para o crescimento do ser que fazia daquele instante breve de nossa passagem a eleição de um acontecimento? Ao respondermos com as mãos, ela sorria feliz. Passávamos e, ao olharmos para trás, ainda a víamos acenando no meio da poeira deixada pelo jipe.
  Hoje, passada tanta vida — e tão rapidamente —, pergunto--me, onde estará? Casou-se? Teve filhos? Foi feliz? Tem um quintal cheio de netos? Morreu? Indagações que no vácuo desse tempo consumido apertam a garganta, deixam aberta a inútil expectativa de um vir a saber que não acontecerá... É a resposta que se espera, mas que jamais virá...
    Há muito a casa não existe mais. A estrada, asfaltada e, por isso mesmo, inexpressiva de lembranças, é uma reta que matou velhas curvas do caminho. A menina foi-se tal qual o pó, tal qual aquela nuvem de poeira que termina por sobrepor-se às cercas, cobrindo-as de amarelão pálido, triste, aguardando que a chuva venha e lave tudo.
    Não tenho dúvida: a garotinha foi a primeira mulher de minha vida. Tão absoluta que decididamente inesquecível. Definitiva. Jamais a tive. Nunca paramos para que eu me permitisse o contato de gente. 

   Assim, porque não a tive, sempre será indelével imagem, a eterna ausente: mão movendo-se avidamente como a dizer, por que não parou? Passou e não ficou para pacificar-me a vida. 

FEIRA LITERÁRIA DE PIRAPETINGA HOMENAGEOU NORBERTO SERÓDIO BOECHAT


O Grupo "Pirapetinga de Coração, Resgatadores da Cultura", formado por Júlio César Barbosa, Daniel Do Vale, Bruno Cypriano, Mariana Cypriano, Anísia Pimentel, e Júlia Machado, homenageou Norberto Seródio Boechat por  ocasião da 1ª Feira Literária de Pirapetinga, ocorrida nos dias 28 e 29 de abril passado, entregando-lhe um banner patrocinado pelo Centro Estudos Manuel Ignácio da Silveira, ligado à Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, e pelo jornal O Norte Fluminense.  


O Norte Fluminense deseja a Norberto Seródio Boechat muitos anos de vida!







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